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Militar libertado pelo Irã admite ´missão de espionagem´

A declaração foi feita em entrevista a uma emissora de TV britânica dez dias antes de os 15 oficiais serem detidos no Irã. Reino Unido negava espionagem

Por Agencia Estado
Atualização:

O capitão responsável pelos 15 militares britânicos libertados na última quarta-feira, 4, pelo Irã admitiu que o grupo estava em missão de espionagem, segundo uma entrevista divulgada pela emissora de TV Sky News, após os oficiais da Marinha retornarem ao Reino Unido, nesta quinta-feira. A entrevista foi gravada em 13 de março, mas a Sky News não quis levá-la ao ar para não pôr em perigo a segurança dos 15 soldados, detidos dez dias depois no Golfo Pérsico pela força naval iraniana, que acusou os militares de invadir as águas do país. O oficial da Marinha Chris Air, que falou com a emissora enquanto patrulhava uma zona próxima ao local no qual os soldados foram detidos, afirma que o trabalho de vigilância procura, entre outros objetivos, "obter informação de inteligência" sobre o Irã. "Basicamente, falamos com a tripulação (dos navios para a inspeção), averiguamos se há problemas, afirmamos que estamos aqui para protegê-los, para evitar o terrorismo e a pirataria na região", disse na entrevista. "Em segundo lugar, tenta-se obter informação de inteligência: se eles (os navios inspecionados) dispõem de informação, já que passam dias aqui, para poder compartilhá-la conosco", acrescentou. Interesse britânico A informação, "seja sobre pirataria, seja sobre qualquer atividade iraniana na zona", interessa aos navios britânicos que patrulham as águas iraquianas do Golfo Pérsico, segundo o capitão. "Este navio foi roubado por vários soldados iranianos há cerca de três dias. Tiraram deles dinheiro e, aparentemente, tal fato ocorreu muitas vezes no passado. Portanto, é bom acumular informação de inteligência sobre os iranianos", defendeu. Após a divulgação da entrevista, o ministro da Defesa do Reino Unido, Des Browne, afirmou que "todas as operações militares modernas implicam em um recolhimento de informação de inteligência". Libertação Os militares (oito marinheiros e sete oficiais da Marinha, entre eles uma mulher) chegaram nesta quinta-feira ao aeroporto londrino de Heathrow, depois de o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, anunciar surpreendentemente a libertação dos militares como "presente ao povo britânico". De Heathrow, os soldados foram levados em dois helicópteros da Armada britânica à base militar de Chivenor, no condado de Devon (sudoeste da Inglaterra), onde encontraram suas famílias. Em comunicado conjunto, os quinze militares declararam que o retorno a seu país é "um sonho que se tornou realidade". O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, recebeu com alegria a volta para casa dos militares, mas também expressou sua tristeza pela morte de quatro soldados hoje no Iraque, que vinculou a "elementos" do regime iraniano. Os quinze militares foram detidos em 23 de março em águas do Golfo Pérsico pelas autoridades iranianas. Eles foram acusados pelo governo de Teerã de invadir o país, algo que Londres negou reiteradamente.

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