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Militares brasileiros não veem risco com acordo

Segundo especialista, transporte de longo alcance por aviões dos EUA na região é ?hipótese acadêmica?

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A presença de forças dos Estados Unidos na Colômbia, reforçada pela utilização de sete novas bases, é uma preocupação diplomática, mas "não tira o sono dos militares brasileiros, que há 25 anos desenvolvem programas de reforço da presença e do poder de fogo na Amazônia", segundo a analista de assuntos estratégicos Mari Garcia, do Instituto Elcano, de Madri. O fato de haver a previsão de envio de aviões americanos de transporte de longo alcance para operar a partir da base colombiana de Palanquero, no centro-leste do país - o que, em tese, colocaria-os voando sobre o Planalto Central -, "é hipótese acadêmica", sustenta Garcia, lembrando que "os caças Su-30 da Venezuela de Hugo Chávez também podem cobrir 3 mil quilômetros e nunca foram citados como ameaça". O Brasil cuida bem da vigilância sobre o grande arco da fronteira oeste, noroeste e norte. No ar, funciona a rede eletrônica do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), operado pelo Comando da Aeronáutica. Em terra, o Comando Militar da Amazônia mantém em regime permanente de pronta resposta cerca de 3 mil homens, mais blindados anfíbios, lanchas armadas e helicópteros artilhados. A Brigada de Infantaria de Selva (BIS), com sede em Manaus, é considerada uma das tropas mais especializadas do mundo - soldados americanos recebem regulamente instrução de combate no cenário de florestas tropicais dos centros de treinamento da BIS. O contingente total do Comando do Exército na área supera 25 mil combatentes. É pouco, para uma área de 5,5 milhões de quilômetros quadrados, equivalente ao território ocidental da Europa. Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, até 2014 serão instalados na linha de fronteiras internacionais, ao menos 30 novos Pelotões Especiais de Fronteira (PEF). O Comando da Marinha está expandindo sua capacidade e presença nos grandes rios da região. Uma base vai ser instalada na foz do Rio Amazonas. O plano de reação rápida envolve pelo menos de 1.100 militares, lanchas e navios-patrulha, eventualmente apoiados por helicópteros. A aviação militar mantém no ar, todo os dias, desde 2002, um sofisticado aparato de vigilância: a partir da Base Aérea de Anápolis, a 140 quilômetros de Brasília, jatos R-99 Bravo do Esquadrão Guardião realizam sua missão cotidiana de coleta de dados estratégicos. As informações são transferidas em tempo real para os centros terrestres. O Guardião funciona com oito aviões . Cada um custou cerca de US$ 80 milhões. Cinco deles são do tipo R-99 Alfa, de alerta antecipado e comando aerotransportado. Levam uma grande antena Erieye, comprada na Suécia. O equipamento pesa quase uma tonelada e tem alcance no limite entre 360 e 400 quilômetros. Com ele a Força Aérea Brasileira (FAB) pode multiplicar o poder de sua frota por meio de coordenação e integração e da capacidade de localizar alvos mesmo quando o deslocamento das aeronaves adversárias acontece em baixa altitude. O segundo time Guardião, guarnecido com três unidades da versão R-99 Bravo, é o que serve diretamente aos interesses da defesa e à vigilância da Amazônia. A rigor, é um avião espião, destinado a missões de inteligência. O principal componente embarcado é o radar de abertura sintética, que permite uma varredura de área feita de forma a não revelar a presença do R-99B. A partir do ponto de decolagem, a aeronave terá duas horas de coleta de dados sobre 57 mil km².

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