CAIRO - A Junta Militar provisoriamente no controle do Egito nomeou um novo gabinete nesta terça-feira, 22, substituindo vários ministros remanescentes da equipe do presidente Hosni Mubarak, derrubado em janeiro após 30 anos no poder. A nova composição inclui membros da oposição pela primeira vez em décadas.
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A nomeação de um novo gabinete é um dos passos prometidos pelos militares para assegurar a transição para um governo civil no Egito. Os manifestantes, que por 18 dias protestaram pela queda de Mubarak, agora pressionam o Exército para evitar o retorno de um regime autoritário.
O novo gabinete inclui independentes e membros de partidos da oposição e cristão coptas, representantes de uma minoria religiosa perseguida no Egito. As pastas de Justiça Social, Trabalho, Petróleo e Turismo agora têm novos titulares, nenhum deles ligados a Mubarak.
Três ministros de Mubarak, porém, foram mantidos em seus cargos - o primeiro-ministro Ahmed Shafik, o chanceler Ahmed Aboul Gheit, e o Ministro da Justiça Mamdouh Marie. Um representante da Coalizão da Juventude Egípcia chamou as mudanças de "superficiais" e pediu mudanças compreensivas.
Na sexta-feira, a oposição planeja reunir novamente um milhão de pessoas na Praça Tahrir, no centro do Cairo. "Temos que manter a pressão sobre os militares até que nossos pedidos sejam atendidos", disse o representante. Na última sexta, houve uma manifestação pacífica na praça, principal palco das marchas que derrubaram Mubarak.
O Exército já dissolveu o Parlamento e suspendeu a Constituição. Emendas à Carta estão sendo elaboradas por uma comissão e serão apresentadas em breve e votadas em referendo. Os militares prometeram entregar o poder a um governo eleito dentro de seis meses.