Milosevic pode ser condenado à morte

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Por Agencia Estado
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Autoridades iugoslavas confirmaram hoje que o ex-presidente Slobodan Milosevic pode ser acusado por crimes puníveis com a pena de morte. O presidente Vojislav Kostunica descartou a extradição num futuro próximo para o tribunal de crimes de guerra da ONU, com sede na cidade holandesa de Haia. Os condenados à morte na Iugoslávia são fuzilados. Nesta terça-feira, o ministro do Interior sérvio, Dusan Mihajlovic, disse que as investigações estão apontando para crimes mais sérios supostamente cometidos durante seus 13 anos no poder. "Existem indícios de que Milosevic esteja envolvido em sérios atos criminosos que são punidos com a pena de morte", afirmou Mihajlovic em Viena, Áustria. Mihajlovic não entrou em detalhes. Entretanto, o primeiro-ministro da Sérvia, Zoran Djindjic, disse, em uma entrevista ao jornal The Boston Globo, que Milosevic será formalmente acusado, dentro de dois meses, de ordenar o assassinato de inimigos pessoais e políticos. Djindjic também afirmou esperar que a mulher de Milosevic, Mirjana, uma figura política-chave durante sua estada no poder, será igualmente acusada de assassinato. Apesar de terem aplaudido a prisão de Milosevic, os Estados Unidos e países da Europa Ocidental esperam que o comandante das guerras recentes nos Bálcãs seja entregue para o tribunal de crimes de guerra da ONU. Entretanto, a maioria dos iugoslavos considera o tribunal um instrumento da política externa norte-americana criado para punir sérvios pelo que a maioria deles considera sua conduta legítima nas guerras nos Bálcãs da última década, quando a Iugoslávia se desintegrou. Durante uma entrevista hoje, o presidente Vojislav Kostunica reafirmou sua oposição à extradição de Milosevic. "Milosevic tem de ser responsabilizado primeiro e acima de tudo perante sua nação, seu Estado", disse Kostunica. "Ele é culpado de tudo que fez - a desintegração do país e o colapso econômico - e tudo que ele deixou de fazer como presidente". "Sua culpa é enorme". Ele afirmou que a Iugoslávia, que ainda abriga vários outros indiciados por crimes de guerra, está disposta a cooperar com o tribunal de Haia, mas ele disse que isso não significa que a dignidade nacional será subordinada a "um punhado de dólares". Kostunica também criticou o tribunal da ONU por perseguir uma "justiça seletiva", deixando de indiciar líder de outras ex-repúblicas iugoslavas "e mesmo os líderes da Otan" pelo bombardeio de 1999 a seu país. Milosevic permanecerá pelo menos 30 dias detido. Um tribunal de Belgrado negou hoje um apelo por sua imediata libertação. O Partido Socialista, de Milosevic, ameaçou hoje promover manifestações diárias caso Milosevic não seja libertado sob fiança até sexta-feira.

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