Ministra colombiana renuncia após prisão do irmão

O irmão, um senador, é acusado de envolvimento com paramilitares e seqüestro

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Por Agencia Estado
Atualização:

A ministra colombiana das Relações Exteriores, Maria Consuelo Araujo, anunciou sua renúncia ao cargo quatro dias depois de seu irmão, um senador, ter sido preso, acusado de cumplicidade com grupos paramilitares e com o seqüestro de um rival político. Esta é a primeira baixa no gabinete do presidente Alvaro Uribe provocada por um escândalo que vem ligando parte da elite política do país às milícias de extrema direita. A Suprema Corte colombiana pediu ainda que a procuradoria federal investigue o pai de Araujo, um ex-governador de província, parlamentar e ministro, por conta do caso de seqüestro. "Vejo claramente a necessidade de o processo jurídico ser livre de interferências. Minha certeza da inocência de meu pai e meu irmão obriga-me a ter a liberdade de estar ao lado deles e apoiá-los", diz a carta de renúncia da ministra, que ela leu, em voz alta, durante uma curta entrevista coletiva. Seu irmão, o senador Alvaro Araujo, é um dos cinco políticos presos na quinta-feira, 15, elevando a oito o número de parlamentares acusados de apoiar as milícias, em troca de votos obtidos por meio de extorsão e intimidação. Os grupos paramilitares colombianos são acusados de alguns dos piores massacres cometidos na guerra civil do país, que já se estende há cinco décadas, e de controlar boa parte do tráfico de cocaína. Inicialmente, Uribe havia decidido apoiar a ministra, e até sexta-feira ela parecia confirmada no cargo. Mas cresceram os temores de dano à imagem do país no exterior, por conta dos supostos laços entre a família de Araujo e os paramilitares. A ministra demissionária é casada com um fotógrafo da Associated Press. Em meio ao escândalo, mais de 60 parlamentares e outros políticos estão sendo questionados pela Suprema Corte. A oposição vem pedindo eleições antecipadas, alegando que a infiltração dos paramilitares no Congresso é tão grande que o legislativo perdeu a credibilidade. Todos os detidos são aliados políticos de Uribe que, a despeito do escândalo, segue sendo imensamente popular, depois de haver controlado a violência nas principais cidades e estradas do país. Os líderes do movimento paramilitar se entregaram em 2006, em meio a um acordo de paz que promete sentenças reduzidas em troca de confissões e da entrega de bens adquiridos com recursos ilícitos. Mais de 31.000 combatentes depuseram armas, embora novos grupos tenham se formado desde então.

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