Ministro alemão pede que sistema antimíssil cubra a Europa

Equipamento para proteção dos EUA seria instalado no Leste Europeu, dando proteção para poucos países do continente no caso de eventuais ataques

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Por Agencia Estado
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O ministro da Defesa da Alemanha, Franz-Josef Jung, defendeu nesta segunda-feira, 12, a conveniência do projeto de sistema de Defesa Nacional contra Mísseis (NMD) que os Estados Unidos planejam instalar em países da União Européia (UE), mas defendeu que ele seja ampliado para que cubra toda a Europa. Diante da Comissão de Assuntos Exteriores do Parlamento Europeu, Jung, cujo país exerce a Presidência rotativa da UE, advertiu que o desenvolvimento do projeto deve ser objeto de consenso dentro da UE, da Otan, e com a Rússia. Os países-membros da organização e a Rússia deverão discutir o projeto no próximo dia 19 de abril. Até agora, Washington negociou bilateralmente com a Polônia e a República Tcheca a localização em seus territórios do sistema antimísseis, o que provocou receios de outros países da UE e irritou a Rússia, que o considera uma ameaça. No início do mês, um grupo de especialistas da Agência de Defesa contra Mísseis americana visitou Praga, na República Tcheca, para estudar as condições de posicionamento de um dos radares do sistema em uma área militar. A polêmica causada pelo projeto atinge o governo de coalizão alemão, que alguns ministros social-democratas criticaram abertamente a iniciativa. Jung, democrata-cristão, defendeu o projeto, alegando que não busca apenas prevenir ataques "estatais", como hipotéticas ofensivas do Irã ou da Coréia do Norte, mas também "não estatais", referindo-se a possíveis atentados terroristas. Desprotegidos Mas advertiu que, em seu desenho atual, "o Sul da Europa não estaria protegido", o que, segundo sua opinião, contribui para que na UE haja distintas opiniões sobre a iniciativa americana. "Devemos negociar um sistema para o conjunto da Europa", afirmou. Mesmo demonstrando apoio, o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, afirma que há o perigo de haver uma divisão dentro da organização, entre países que estariam na área de cobertura do sistema e outros membros que ficariam desprotegidos frente a um eventual ataque. Fontes da Otan afirmam que o programa protegeria quase toda a Europa, mas não o sudeste do continente, que precisaria de um sistema adicional de mísseis de alcance mais curto, devido a sua proximidade ao Irã. A organização argumenta que seria factível e economicamente viável ampliar a proteção para países como Grécia, Turquia e Itália, que estariam expostos de outro modo a um eventual ataque no início da próxima década. Críticas A Otan defende que Washington siga adiante com os planos pois acredita que, embora o sistema estivesse delineado para proteger os Estados Unidos, muitos países da Europa ocidental e central sairiam beneficiados. "Quando se trata de defesa frente a mísseis, não deveria haver na Otan uma primeira e uma segunda divisão. Para mim, o caráter indivisível da segurança é o princípio mestre", afirmou Scheffer. No final de março, a Rússia criticou o projeto como "uma volta ao espírito da Guerra Fria". O presidente francês, Jacques Chirac, também reprovou a iniciativa, alegando que a construção do escudo ameaçava reproduzir na Europa as tensões do período de tensão entre os EUA e a União Soviética.

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