Ministro amplia discussão sobre uso do véu na Grã-Bretanha

O ministro de Raça e Religião da Grã-Bretanha defendeu a demissão de uma auxiliar de ensino muçulmana que se recusou a tirar véu na sala de aula

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Por Agencia Estado
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Mais um ministro de governo britânico aderiu a um debate cada vez mais caloroso sobre os direitos das mulheres muçulmanas em usar véus no Reino Unido. Em reportagem do jornal The Sunday Mirror, o ministro de Raça e Religião da Grã-Bretanha, Phil Woolas, defendeu a demissão de uma ajudante de ensino que insistiu em usar a peça em uma escola londrina. A oposição conservadora também juntou-se à discussão. Um dos principais políticos do partido disse que, ao defender a utilização do adereço, líderes muçulmanos estão encorajando um "apartheid voluntário" que pode resultar em uma disseminação do terrorismo na Grã-Bretanha. O debate público sobre a integração das populações islâmicas à cultura britânica começou no início deste mês, quando o líder do Partido Trabalhista na Câmara dos Comuns, o ex-secretário de Exterior do Reino Unido Jack Straw, disse achar natural pedir que as mulheres muçulmanas retirem o véu para conversar. A discussão já contou com comentários amplamente publicados do primeiro-ministro Tony Blair e do escritor Salman Rushdie. Neste domingo, o primeiro legislador muçulmano a ser eleito para a Câmara dos Comuns, Nazir Ahmed, reagiu às declarações, criticando os políticos e a mídia por "demonizarem" a comunidade islâmica do país. Em sua edição deste domingo, o jornal The Sunday Mirror deu mais combustível À polêmica. Segundo o periódico, o ministro Woolas teria defendido a demissão da auxiliar de ensino Aishah Azmi, que se recusou em tirar o véu enquanto lecionava. "Ela deveria ser demitida. Ela se colocou em uma posição na qual não pode fazer seu trabalho", disse ele. A polêmica envolvendo a auxiliar de ensino começou depois que Azmi recusou-se em tirar seu véu - que deixa apenas seus olhos visíveis - na frente de colegas homens. Por este motivo, ela foi proibida de dar aulas temporariamente em uma escola de West Yorkshire, um subúrbio ao norte de Londres que conta uma grande população de origem muçulmana. Alunos de 4 a 11 anos freqüentam o colégio. Azmi, que tem 24 anos, insiste que aceitaria tirar o véu desde que não fosse obrigada a fazê-lo diante de um homem adulto. O caso corre agora na justiça, e uma decisão deve sair nas próximas semanas. "Ela está negando o direito das crianças à uma educação integral. Se ela diz que não trabalha com homens, ela está tirando o direito dos homens de trabalharem na escola", teria opinado Woolas. "Há certos limites na democracia liberal, e esse é um deles. É um limite que não podemos cruzar." A oposição britânica sustenta uma posição parecida. Em um artigo de duas páginas publicado neste domingo, o líder do Partido Conservador, David Davis, apoiou Straw por iniciar o debate. "O que Jack levantou foi a questão fundamental sobre se estamos criando uma série de sociedades fechadas dentro de nossa sociedade aberta. Se estamos encorajando um tipo de apartheid voluntário", escreveu o conservador. Blair também já havia parabenizado Straw por levantar a questão "de uma maneira equilibrada" e pediu que os britânicos discutam o tema sem debandar para a "histeria".

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