Ministro da Defesa do Chile anuncia renúncia

PUBLICIDADE

Por AE
Atualização:

O ministro da Defesa do Chile, Jaime Ravinet, anunciou ontem a sua renúncia. Trata-se da primeira demissão no gabinete do presidente Sebastián Piñera, que assumiu o governo em 11 de março do ano passado. O ministro não detalhou as razões que o levaram a tomar a medida, mas admitiu que houve "discrepâncias jurídicas". Ravinet, que deixou sua militância na oposição de centro-esquerda para assumir a pasta da Defesa, disse que apresentou sua renúncia ao ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, já que Piñera está fora de Santiago. A saída dele ocorre após controvertidas declarações feitas no início do mês, quando negou um pedido do Conselho para a Transparência para que revelasse o preço de uma ponte de treliças comprada para restabelecer a ligação com uma das cidades afetadas pelo terremoto de fevereiro. Ravinet disse que não revelaria a informação porque a lei o proíbe, já que se trata de material de guerra comprado com recursos reservados para as Forças Armadas. Ele acrescentou que "no futuro, as Forças Armadas vão se recusar a colaborar com as autoridades civis após catástrofes naturais, ao se verem obrigadas a exibir seu material de guerra ou equipamento militar para auxiliar a população civil, seja de maneira transitória ou permanente". A declaração despertou críticas e incômodo no governo. Após renunciar, Ravinet disse que tomou a "decisão por razões particulares e pessoais. "Não há nenhum tema político de distinção nessa questão." Ele afirmou ter conversado brevemente com Piñera e que depois decidiu apresentar "minha renúncia irrevogável". "Houve discrepância jurídica neste caso e eu cumpro a Constituição, cumpro a lei e, no que diz respeito às minhas crenças e aos meus princípios, não negocio." As Forças Armadas recebem anualmente 10% dos lucros da venda do cobre, recursos que se convertem em reservas destinadas à compra de equipamento bélico. Parte desses recursos foram usados pelos militares para recuperar a infraestrutura destruída pelo terremoto de 27 de fevereiro.Após a denúncia de uma empresa europeia que afirmou ter apresentado um preço menor pela ponte, Ravinet foi alvo de um pedido do Conselho para a Transparência, mas não respondeu. Esta atitude somada à ameaça de que os militares podem se abster de colaborar em desastres futuros, o obrigou a se apresentar a uma comissão na Câmara dos Deputados. Ao final da sessão, quando acreditava que os microfones estavam desligados, disse a uma pessoa que estava perto que "a ponde não vale nada". A renúncia obriga Piñera a fazer seu primeiro ajuste ministerial. As informações são da Associated Press.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.