PUBLICIDADE

Ministro de Relações Exteriores renuncia na Argentina

Por MARINA GUIMARÃES
Atualização:

O ministro de Relações Exteriores da Argentina, Jorge Taiana, anunciou hoje sua renúncia. A medida foi motivada por uma forte discussão que ele manteve nesta manhã com a presidente Cristina Kirchner, por telefone, e por muitos desencontros entre ambos, segundo informou uma fonte da chancelaria. "Havia uma série de diferenças entre a presidente e o chanceler há muito tempo", disse a fonte, que mencionou as relações com o governo de Hugo Chávez, da Venezuela, alvo de inúmeras denúncias de corrupção envolvendo o comércio bilateral, e o cancelamento da viagem de Cristina à China, em janeiro, que dificultou as relações entre os dois países.A gota d''água na relação de Taiana e Cristina ocorreu durante a discussão hoje pela manhã, quando a presidente o acusou de deslealdade, segundo o analista político Edgard Alfano, do canal de TV Todo Notícias. A demissão de Taiana, de acordo com Alfano, foi uma decisão do marido de Cristina, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), que acusou o ex-chanceler de permitir o vazamento de informações da chancelaria à imprensa. "A bronca de Kirchner foi porque a chancelaria vazou a informação de que Cristina estava de acordo com a inclusão do Brasil no monitoramento ambiental conjunto da Argentina e do Uruguai no rio Uruguai", explicou.O monitoramento foi determinado pela Corte Internacional de Justiça por causa da polêmica sobre a fábrica de celulose instalada à margem uruguaia do rio fronteiriço. Desde o início do conflito com o Uruguai, em 2005, por causa da instalação da unidade finlandesa, Néstor se manifestou contrário à inclusão do Brasil no assunto, inclusive como mediador, por considerar uma "interferência na soberania argentina". Cristina, no entanto, teria se mostrado em favor da participação do Brasil no acompanhamento ambiental, como propôs o presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, já que o rio Uruguai possui importante trajeto no território brasileiro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.