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Ministro diz que governo não representa todos os timorenses

"Fracassamos ao não abraçar as pessoas que estão em desacordo com o governo e ao não solucionar os problemas no Exército e na polícia", disse Ramos Horta, Prêmio Nobel da Paz

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro de Assuntos Exteriores do Timor Leste, José Ramos Horta, afirmou que o governo do primeiro-ministro Mari Alkatiri fracassou e não foi capaz de representar a todos os timorenses. "Fracassamos ao não abraçar as pessoas que estão em desacordo com o governo e ao não solucionar os problemas no Exército e na polícia, apesar do fato de que sabíamos que estavam aí", disse Ramos Horta em declarações à emissora de TV australiana Channel Nine. "Por isso há tantas pessoas contrariadas com o primeiro-ministro e querem que renuncie", disse o ministro, que participa da reunião entre o presidente, Xanana Gusmão, o primeiro-ministro, o Conselho de Ministros e o Conselho de Estado, que continuará ao longo desta terça-feira na capital Díli. "Podemos ver algumas mudanças no gabinete, mas em termos de uma possível renúncia por parte do primeiro-ministro não acho que possa ocorrer hoje", disse Ramos Horta, sobre o resultado que pode ter a reunião entre os principais dirigentes do país. O Prêmio Nobel da Paz manifestou que apesar de sua pequena popularidade, Mari Alkatiri ainda conta com o apoio de parte dos membros do partido no governo. Violência Uma onda de violência em Díli, capital do Timor Leste, teve início em março, quando Alkatiri dispensou 591 soldados do leste do país, quase 40% de todo o Exército, por reivindicarem melhorias e por protestarem por supostas discriminações. Nos últimos dias, em meio ao caos criado por grupos rivais que se enfrentam nas ruas, por incêndios e milhares de refugiados, cresceram as pressões para que Alkatiri renuncie. Milhares de timorenses fizeram fila para conseguir porções de arroz distribuídas num armazém do Ministério de Agricultura em Díli, capital do Timor Leste. Segundo a agência australiana de notícias AAP, soldados da Austrália protegeram a distribuição de 15 mil toneladas de arroz, que transcorreu sem incidentes. Os alertas para a existência de uma crise humanitária no país aumentam. No entanto, o comandante das forças australianas no Timor, Michael Slater, disse à rádio ABC que a situação não é tão crítica. Para ele, tudo vai melhorar à medida que a crise política se enfraqueça, facilitando o trabalho das organizações de ajuda. O militar acrescentou que as tropas australianas enviadas ao Timor Leste já confiscaram mais de 450 rifles, pistolas e granadas de membros de grupos rebeldes. "Temos soldados dando segurança à população e diminuindo o espaço dos grupos armados", disse Slater à rede de TV Channel Nine.

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