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Ministro do Interior da Bolívia renuncia após repressão a indígenas

Episódio desatou crise política no governo de Evo Morales; vice da pasta também deixou cargo

Atualização:

LA PAZ - O ministro do Interior da Bolívia, Sacha Llorenti, renunciou nesta terça-feira, 27, aumentando a crise política que o governo de Evo Morales enfrenta por causa de uma violenta repressão policial a uma marcha indígena contra a construção de uma estrada. A renúncia de Llorenti foi confirmada pouco depois de seu vice, Marcos Farfán, também deixar o cargo.

 

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"Pedi ao presidente da Bolívia que aceitasse minha renúncia, e ele aceitou. Tomei esta decisão porque não quero me converter em um instrumento da direita, da oposição", disse Llorenti em uma breve declaração a jornalistas. "O que a oposição pretende é atacar os processos de transformações estruturais e prejudicar a imagem do nosso presidente", continuou.

 

Llorenti era alvo frequente dos setores sociais bolivianos devido a suas políticas de repressão contra os indígenas. Antes dele, porém, quem deixou o cargo foi Farfán, seu vice, responsabilizado pela ação policial. Farfán, porém, nega ter ordenado a intervenção na marcha e diz que se tratou de uma medida requerida pelas circunstâncias do momento.

 

Farfán disse que a repressão não foi uma decisão sua, "mas algo que as medidas operacionais produziram, foi o calor da intervenção que se realizou no local". A ação contra a marcha indígena "foi uma resposta a uma decisão operativa e não uma determinação do órgão executivo, nem da minha pessoa", concluiu.

 

No domingo, a polícia dissolveu uma marcha de indígenas que planejava chegar até La Paz para protestar contra a construção de uma estrada - financiada pelo Brasil. Depois dos confrontos, o presidente Evo Morales suspendeu as obras, e sindicatos e uniões decidiram pela intensificação dos protestos.

 

A onda de violência contra os indígenas ainda provocou a demissão da ministra da Defesa, Cecilia Chacón, e da diretora do Departamento de Migração, María René Quiroga, que não concordaram com a ação policial.

 

As imagens da repressão provocaram uma crise no governo de Evo Morales, cuja base eleitoral é justamente formada pela maioria indígena que compõe a população boliviana.

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