Ministro francês diz que Israel faz exigências fora da realidade

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Por Agencia Estado
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O ministro das Relações Exteriores da França, Hubert Vedrine, criticou duramente Israel nesta terça-feira e reclamou que o Estado judeu faz exigências fora da realidade à Autoridade Palestina. "Eles sempre pedem à Autoridade Palestina que faça um esforço total, mas há cada vez menos meios para fazer isto, pois seus soldados estão desorganizados e seus líderes foram mortos", declarou Vedrine à Rádio France-Inter. Para Vedrine, Israel faz exigências fora da realidade ao pedir que a Autoridade Palestina mostre evidências de seu engajamento no combate ao terrorismo. "Eles estão pedindo provas impossíveis de serem recolhidas e eu temo que a pior das intenções esteja por trás dessas táticas", prosseguiu Vedrine. Alarmadas com a retaliação militar de Israel desta terça-feira aos atentados de palestinos suicidas, outras nações européias pediram aos dois lados que controlem a violência antes que seja tarde demais. Depois de condenar os "desumanos atos terroristas" que mataram 26 pessoas e feriram aproximadamente 200 em Israel durante o fim de semana, a Rússia pediu aos líderes israelenses e palestinos que parem de colocar em prática o ditado "´olho por olho, dente por dente´, por mais justificável que isto possa parecer do ponto de vista emocional". "A Rússia está extremamente preocupada com os dramáticas acontecimentos registrados nos territórios palestinos", dizia o comunicado divulgado hoje pelo Ministério russo das Relações Exteriores depois que aviões de guerra israelenses atacaram alvos palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. A chancelaria pediu aos líderes palestinos que parassem com todas as formas de violência e pediu a Israel que "demonstre sabedoria política e autocontrole e não recorra a ações que poderão tornar irreversível o conflito palestino-israelense". "Os problemas acumulados não podem ser resolvidos com o uso da força", dizia o comunicado russo. A Autoridade Palestina prendeu cerca de 130 militantes dos grupos Hamas e Jihad Islâmica desde os ataques suicidas do fim de semana. Funcionários do governo palestino já avisaram que as capturas continuarão, apesar dos ataques de Israel. Os dois grupos reivindicaram responsabilidade pelos ataques. O primeiro-ministro da Turquia, Bulent Ecevit, classificou os ataques aéreos de Israel como "ações injustas contra o território palestino". Ele alertou que os envolvidos correm o risco de disseminar um conflito que poderia ser "pior do que a guerra no Afeganistão". Ecevit disse ter conversado por telefone com o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, e com o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat. "Eu espero que estes dois líderes trabalhem juntos por uma solução construtiva", declarou Ecevit. Os Estados Unidos, por sua vez, não pediram contenção por parte de Israel. O secretário de Estado, Colin Powell, disse que "Sharon está respondendo de uma forma que ele acredita ser apropriada para defender seu povo e seu país". Durante um conferência sobre combate ao terrorismo realizada em Bucareste, Powell disse que os dois lados "precisam lembrar que mais cedo ou mais tarde precisarão pensar numa forma de seguir em frente". De acordo com ele, as nações européias estavam aumentando a pressão sobre Arafat para que ele controle os grupos extremistas. "Arafat deve se aproveitar de toda a sua influência, de toda a sua autoridade e de todo o seu prestígio para controlar os terroristas", disse Powell. A Grã-Bretanha expressou simpatia por Israel, mas acredita que a solução está nas negociações de paz. O porta-voz do primeiro-ministro Tony Blair disse em Downing Street não haver justificativa para os ataques suicidas contra o Estado judeu. "Estes ataques foram realizados por pessoas que não demonstram nenhum respeito pela vida e que, deliberadamente, de forma calculada, tentaram conter a retomada dos esforços para reativar o processo de paz."

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