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Ministro iraquiano exige que assassinos americanos sejam condenados

Cinco soldados dos EUA teriam estuprado e matado uma jovem e exterminado sua família

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da justiça iraquiano exigiu nesta terça-feira que o Conselho de Segurança (CS) da ONU assegure que um grupo de militares norte-americanos seja punido devido ao suposto estupro e assassinato de uma jovem iraquiana e pelo massacre de sua família, dizendo que o ataque foi "monstruoso e desumano". Duas mulheres legisladoras também pediram ao primeiro ministro, Nouri al-Maliki, para serem chamadas ao parlamento para assegurar que a justiça seja feita. Enquanto isso, homens armados e utilizando uniformes camuflados seqüestraram o ministro de eletricidade Raes al-Hares e seus 11 seguranças no leste de Bagdá. O ministro, no entanto, foi libertado algumas horas depois, informaram fontes oficiais. Os homens armados pararam o comboio de al-Hare na vizinhança xiita de Talbiya e forçaram o político e seus seguranças a entrarem em seus veículos, disse o tenente Ahmed Qassim. O ministro da eletricidade afirmou que foi solto nesta terça-feira, mas se recusou a dar mais detalhes. O seqüestro ocorreu três dias após homens armados terem capturado a legisladora sunita Tayseer al-Mashhadani em uma área xiita no leste de Bagdá. Ela e seus sete guarda-costas continuam desaparecidos. Estupro O ataque de 12 de março contra a família da menina em Mahmoudiya, no sul de Bagdá, está entre os piores casos de abuso e massacres cometidos pelo exército americano contra civis iraquianos. O maior jornal iraquiano, o Azzaman, afirmou em um editorial nesta terça-feira que o estupro "resume o que vem acontecendo no Iraque nos últimos anos não apenas pela ocupação americana, mas também por alguns grupos iraquianos". O ex-militar Steven D. Green compareceu a uma corte federal em Charlotte, na Carolina do Norte, na segunda-feira para responder às acusações de assassinato e estupro. Pelo menos quatro outros soldados norte-americanos que continuam no Iraque estão sob investigação, e o Exército enfatizou que está investigando seriamente as alegações. "Se este ato realmente ocorreu, isso constitui um horrível e antiético crime, monstruoso e inumano", disse o ministro de justiça Hashim Abdul-Rahman al-Shebli, um árabe sunita. "O judiciário iraquiano deve ser informado sobre essa investigação, que deve ser conduzida com a supervisão de organizações humanas e internacionais. Os envolvidos devem encarar a justiça." "A gravidade deste crime exige uma imediata intervenção do Conselho de Segurança da ONU para acabar com essas violações dos direitos humanos e para condená-los. Assim isso não acontecerá mais", acrescentou o ministro. As duas legisladoras, Safiya al-Suhail e Ayda al-Sharif, disseram que a condenação não é o bastante. "Queremos várias punições aos cinco soldados envolvidos", afirmou al-Sharif. "Denúncias não são o bastante. Se esse ato tivesse ocorrido em outro país, o mundo teria virado de cabeça para baixo." Al-Suhail afirmou que al-Maliki deve responder ao parlamento "para garantir que as investigações estão ocorrendo". O prefeito de Mahmoudiya, Mouayad Fadhil, disse que as autoridades iraquianas iniciaram suas próprias investigações. O soldado Green é acusado de estuprar uma mulher e de matar três de seus parentes - um casal de adultos e uma garota de aproximadamente cinco anos. Um investigador afirmou que Green ateou fogo no corpo da vítima estuprada em uma aparente tentativa de cobrir rastros. As autoridades iraquianas identificaram a jovem como sendo Abeer Qassim Hamza. As outras vítimas são seu pai, Qassim Hamza, sua mãe, Fikhriya Taha, e sua irmã, Hadeel Qassim Hamza. O jornal Azzaman expressou ceticismo em relação à punição dos soldados. "O Exército norte-americano conduzirá uma investigação e o resultado já é conhecido. Um ou dois soldados receberão uma ´punição turística´ e todo o crime será esquecido, assim como aconteceu com os crimes de Abu Ghraib", o jornal afirmou, se referindo ao abuso cometido por guardas americanos da prisão contra prisioneiros iraquianos.

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