Ministro japonês diz que idosos são carga para o Estado

Ex-premiê Taro Aso afirma que assistência médica aos mais velhos é 'custo desnecessário' para o país

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Por TÓQUIO
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O ministro das Finanças e ex-primeiro-ministro japonês, Taro Aso, de 72 anos, causou polêmica no fim de semana ao declarar que a assistência médica a doentes mais idosos significa um custo desnecessário para o país e acrescentou que a esses pacientes deveria ser permitido morrer rapidamente - o que aliviaria a pesada carga financeira que representa o seu tratamento para a economia japonesa."Que Deus não permita que sejam forçados a viver quando querem morrer", declarou. "Eu acordaria me sentindo incrivelmente mal por saber que meu tratamento era totalmente pago pelo governo."A frase de Taro Aso, citada pelo jornal britânico Guardian, foi proferida durante uma reunião do Conselho Nacional que deveria propor reformas da previdência social e do orçamento para a saúde.De acordo com Aso, "o problema só será resolvido" se o governo japonês deixar os idosos "morrer rapidamente".No Japão, quase um quarto de uma população de 128 milhões de pessoas têm mais de 60 anos. A expectativa de vida no país é de aproximadamente 85 anos.Aso afirmou em meio às declarações que pretende recusar todo tipo de assistência médica se ficar gravemente doente. "Não preciso desse tipo de cuidado", disse.Sua assessoria de imprensa também apressou-se ontem a informar que o ministro passou uma recomendação à família para que ele não receba nenhum tratamento que lhe prolongue a vida.Após as declarações se tornarem públicas, Aso tentou se explicar aos jornalistas. O ministro das Finanças admitiu que utilizou uma linguagem "imprópria", mas sublinhou que se referia à sua opção pessoal. "Disse algo em que pessoalmente acredito e não o que deveria ser o sistema nacional de saúde."Não é a primeira vez que Aso se envolve em polêmica.Ele já fez piadas de mau gosto sobre doentes de Alzheimer e disse que gostaria que o Japão fosse um país tão bem-sucedido que "os judeus mais ricos quisessem viver no país".

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