Ministro palestino pede retomada da ajuda internacional

França condicionou o pedido ao cumprimento dos compromissos com Israel: reconhecimento de Israel e dos acordos de paz já assinados, e renúncia à violência

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Por Agencia Estado
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O ministro de Assuntos Exteriores da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Ziad Abu Amr, pediu nesta segunda-feira, 2, em Paris, que os europeus retomem "o mais rápido possível" a cooperação e a ajuda direta ao governo palestino. A França, porém, condicionou a retomada dessa ajuda ao cumprimento dos compromissos e a gestos "adicionais", como o cumprimento das exigências do Quarteto de Madri referentes a Israel e a libertação do soldado israelense Gilad Shalit. Abu Amr, que realiza sua primeira visita a uma capital européia desde a formação do governo palestino de união nacional, no mês passado, reuniu-se nesta segunda com o chanceler francês, Philippe Douste-Blazy, e na terça será recebido pelo primeiro-ministro, Dominique de Villepin. Diante da imprensa, o ministro palestino afirmou que o programa e a composição do governo da ANP "respeitam" as exigências da comunidade internacional, por isso "não há mais justificativa" para o embargo ao Executivo palestino adotado há mais de um ano, quando o movimento islamita Hamas assumiu o poder. "Vamos trabalhar para acabar com qualquer contradição que possa existir entre a posição do governo palestino e a da comunidade internacional", afirmou Abu Amr. Rejeita ao Hamas Após destacar que o novo Executivo é fruto de um consenso nacional, criticou o fato de a União Européia (UE) e a comunidade internacional em geral escolherem "com que ministros vão trabalhar", quando receberam "favoravelmente" a formação do novo governo da ANP. As declarações foram uma referência à decisão da UE de só conversar com ministros da ANP que não pertençam ao Hamas, até que este cumpra todas as condições do Quarteto de Madri para o Oriente Médio (EUA, UE, Rússia e ONU): reconhecimento de Israel e dos acordos de paz já assinados, e renúncia à violência. A UE suspendera há mais de um ano a ajuda direta e as relações com o governo palestino então formado apenas pelo Hamas. Com o Acordo de Meca, feito em fevereiro passado pelo grupo islamita e o movimento nacionalista Fatah, foi criado um novo Executivo, com membros dos dois partidos, políticos de siglas menores e independentes. Retomada da ajuda Em entrevista coletiva conjunta com Douste-Blazy, Abu Amr reconheceu que não obtivera um compromisso firme deste para o reatamento da ajuda direta ao Ministério das Finanças da ANP, mas expressou a esperança de que a ajuda e a cooperação sejam retomadas "o mais rapidamente possível". Douste-Blazy respondeu que, para a França, a comunidade internacional deve implementar "progressivamente" a volta à ajuda ao Ministério das Finanças da ANP, com a condição de que o governo de união nacional cumpra as condições do Quarteto e faça "gestos suplementares, particularmente a libertação" de Shalit. O militar, que tem dupla nacionalidade, francesa e israelense, foi capturado por milicianos palestinos em junho do ano passado em território israelense, perto da fronteira com a Faixa de Gaza. "É o próximo passo que esperamos do governo palestino, e nos levará a confirmar o posicionamento que tomamos hoje", afirmou Douste-Blazy. Abu Amr respondeu que o governo e o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, "estão trabalhando e continuarão trabalhando" para que Shalit seja libertado o mais rápido possível, dentro de uma troca "honorável" de prisioneiros. Processos de paz As perspectivas de um relançamento do processo de paz entre Israel e os palestinos também foram abordadas pelos dois ministros. Abu Amr lembrou a iniciativa de paz lançada pela cúpula da Liga Árabe em Riad, na semana passada, e afirmou que agora Israel precisa tomar uma iniciativa. "Parece que Israel não está pronto para aproveitar esta oportunidade histórica de iniciar negociações pela paz (...). Temos a sensação de que não temos um parceiro pela paz" do lado israelense, criticou. Segundo o ministro da ANP, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, "põe o carro na frente dos bois" ao dizer que está disposto a se reunir com líderes árabes moderados. O que ele deveria dizer é que "aceita a iniciativa", e então "encontraria as portas abertas" nos países árabes, afirmou. O ministro francês, por sua parte, declarou-se"otimista" com as possibilidades de relançamento do processo de paz, e expressou a esperança de que Israel responda à "mão estendida" dos árabes.

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