PUBLICIDADE

Ministro quer selecionar trabalhadores em aeroporto francês

Sarkozy quer impedir o acesso de dezenas de carregadores de bagagens muçulmanos a áreas reservadas do aeroporto de Roissy-Charles de Gaulle de Paris

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro do Interior da França, Nicolas Sarkozy, defendeu neste sábado, em nome da segurança, a revogação dos passes que permitiam o acesso de dezenas de carregadores de bagagens muçulmanos a áreas reservadas do aeroporto de Roissy-Charles de Gaulle, o mais importante de Paris e da França. "Retiramos a habilitação de 43 pessoas", não por suas feições, mas porque havia "elementos precisos que nos levaram a proibir sua entrada", afirmou Sarkozy, que também é líder do partido conservador governante União por um Movimento Popular (UMP) e candidato ao Palácio do Eliseu. O ministro disse que não podia aceitar que "pessoas que têm uma prática radical trabalhem em uma plataforma aeroportuária". Sarkozy, que falava para cerca de 2 mil pessoas na Universidade da Sorbonne, ressaltou que seu dever é garantir que pessoas com acesso às pistas de decolagem e aterrissagem não tenham "nem de perto, nem de longe, vínculos com organizações radicais". A organização anti-racista MRAP afirmou que cem pessoas foram afetadas pela revogação de passes desde agosto e expressou o temor de que nessas decisões tenham prevalecido "a arbitrariedade e a discriminação". Sarkozy respondeu às afirmações do MRAP dizendo que, caso os afetados acreditem que são "vítimas de discriminação", "que façam valer seus direitos nos tribunais". A Promotoria de Paris anunciou na quinta-feira passada uma investigação preliminar, após a denúncia de discriminação feita pelo sindicato CFDT em nome de carregadores muçulmanos de bagagem que perderam seus passes, supostamente por sua religião. "Prefiro que corramos o risco de uma disputa judicial por termos sido muito severos do que a possibilidade de vivermos um drama porque não fomos severos o bastante. Todos os países do mundo fazem o mesmo", afirmou Sarkozy. A retirada de passes foi decidida após investigação da Unidade de Coordenação de Luta Antiterrorista que concluiu que os carregadores afetados constituíam um risco de "vulnerabilidade ou periculosidade" para a ampla área do aeroporto a que tinham acesso. Segundo o subprefeito de Roissy, Jacques Lebrot, vários carregadores tinham estado em campos de treinamento.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.