Ministro se compromete a negociar paz com guerrilha

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O novo ministro da Defesa da Colômbia, Gustavo Bell, comprometeu-se nesta quarta-feira a continuar a política do governo de revigorar as Forças Armadas, ao mesmo tempo em que negocia a paz com a guerrilha. Bell, que tomou posse na última segunda-feira e nesta quarta-feira teve seu primeiro contato com o oficialato, fazendo a revista das tropas ao lado do presidente Andrés Pastrana, procurou dissipar a desconfiança da cúpula militar e da opinião pública de que poderia assumir uma atitude complacente com a guerrilha. ?O fortalecimento das Forças Armadas é o fortalecimento de todos, a base da segurança, sobre a qual se fundam os outros valores que governam a vida em sociedade?, teorizou Bell em seu discurso durante a cerimônia na Escola Militar, tratando de mostrar que não há conflito entre democracia e forças de segurança prestigiadas e bem equipadas. ?Sem ordem, não há liberdade nem justiça nem garantias para ninguém.? O novo ministro, que também é vice-presidente, era até agora o encarregado de Pastrana de zelar pelo cumprimento dos direitos humanos. O tema é sensível para o país, acossado pela comunidade internacional por causa das ligações entre os grupos paramilitares, que combatem a guerrilha promovendo massacres e seqüestros, e as Forças Armadas e a polícia, para as quais fazem o trabalho sujo. Na Colômbia, a causa dos direitos humanos é vista como tomada de partido em favor da guerrilha ? que também promove massacres e seqüestros, mas se encobre sob um manto ideológico marxista ? e contra o uso da força para restaurar a ordem. Em entrevista coletiva depois da cerimônia, os jornalistas perguntaram ao novo ministro por que a opinião pública internacional atribui a violação dos direitos humanos na Colômbia apenas ao Poder Público. ?Temos insistido perante os organismos internacionais que as Forças Armadas têm sido respeitosas dos direitos humanos, e a visão de que elas apóiam os paramilitares ficou para trás?, respondeu Bell. Ele observou que as organizações não-governamentais passaram a incluir a guerrilha na lista dos que violam os direitos humanos, mas reconheceu que a mudança ainda está aquém do desejado. ?As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) dizem sistematicamente que não estão obrigadas a cumprir o direito internacional humanitário e seguem infringindo-o de modo dramático e perverso, com seqüestros e todas as outras formas de violações?, denunciou o ministro, ladeado pelos comandantes das três Forças. Ele ressaltou também os resultados obtidos ? ?como nunca antes? ? pelo processo de paz, referindo-se à troca de prisioneiros, que já levou à liberação, pelas Farc, de quatro policiais na semana passada. Bell elogiou o trabalho feito pelo ex-ministro da Defesa Luis Fernando Ramírez, que renunciou ?por motivos pessoais?, talvez para se desincompatibilizar para as eleições gerais de março. Durante sua gestão, as Forças Armadas colombianas melhoraram o equipamento e o treinamento e passaram a infligir derrotas à guerrilha, recuperando a iniciativa no conflito. Pela primeira vez, os militares passaram também a apoiar as operações dos procuradores que investigam a rede de financiamento dos paramilitares.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.