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Ministro somali é assassinado ao sair de mesquita

O ataque desta sexta-feira foi o terceiro contra altos funcionários ou parlamentares na última semana

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro para a Constituição e Assuntos Federais da Somália, Abdallah Derow Isaq, foi assassinado nesta sexta-feira ao sair de uma mesquita. O crime levou centenas de pessoas às ruas de Baidoa, sede do Governo provisório, que marcharam gritando "queremos um governo que restaure a lei e a ordem" O crime ocorreu perto da residência do ministro. Após o assassinato, muitas lojas da cidade fecharam suas portas e havia muitas pessoas correndo pelas ruas. O motivo do crime é desconhecido "Vi um homem mascarado mandando o ministro ficar de pé e depois começou a disparar contra seu peito", disse uma testemunha do crime, Makay Rooboow. "Ele disparou quatro tiros, e todos eles acertaram o coração", acrescentou. O chefe da Polícia de Baidoa, Adam Biid, disse que os agentes detiveram uma pessoa que pode ser o assassino do ministro. "Capturamos um homem, suspeitamos dele e estamos investigando", acrescentou. Derow Isaq pertencia ao clã Rahanweyne, majoritário entre os moradores de Baidoa e seus arredores, e por isso tinha muitos seguidores na cidade. Derow Isaq voltou na quinta-feira ao país, vindo de Nairóbi, a capital do Quênia. Este incidente altera ainda mais a vida política da Somália, um país que tenta recuperar sua normalidade após quinze anos de caos e anarquia devido às lutas entre os "senhores da guerra" e, mais recentemente, à expansão das milícias dos Tribunais Islâmicos. O ataque desta sexta-feira foi o terceiro contra altos funcionários ou parlamentares na última semana, embora este tenha sido o único fatal. Há dois dias, o chefe de um comitê de assuntos constitucionais do parlamento também foi baleado, mas não morreu. Ainda não está esclarecido se os dois ataques têm conexão. "Se não expressarmos nossa indignação, os assassinatos vão continuar. Queremos encorajar o governo a encontrar e punir os culpados", disse Shafarah Younis, que estava entre os manifestantes no protesto desta sexta-feira. O governo emitiu um comunicado condenando o ataque e garantindo que os "assassinos serão tratados com mão de ferro". Tanto o parlamentar ferido como o ministro assassinado nesta sexta-feira faziam parte do grupo de líderes políticos que supostamente apoiaram a chegada de soldados etíopes à Somália na semana passada. Os soldados foram vistos nas ruas de Baidoa e em seus arredores, assim como em outras localidades, mas o Governo nega essa presença e assegura que se trata de uniformes recebidos da Etiópia para vestir soldados somalis. Presença etíope O conflito da Etiópia se intensificou desde que os milicianos dos Tribunais Islâmicos expulsaram os "senhores da guerra" de Mogadiscio, em 6 de junho, e tomaram o controle de quase toda a cidade. Após ameaçar estender seu poder de influência, a Etiópia, que apóia o Governo de transição, enviou um número não determinado de militares e equipamentos, segundo testemunhas. Os Tribunais Islâmicos, furiosos por causa da presença de soldados de um país com o qual a Somália lutou entre 1977 e 1978 em um sangrento conflito armado, lançaram uma "jihad" (guerra santa) a fim de expulsar as forças etíopes. Ao risco de explosão de um conflito generalizado na Somália, com possíveis repercussões nos países vizinhos - a Eritréia, inimiga da Etiópia, está enviando armas aos milicianos islâmicos -, se une a crise de Governo que se desatou esta semana. Dezoito ministros e vice-ministros do Governo de transição renunciaram a seus cargos na quinta-feira e acusaram o primeiro-ministro, Ali Mohammed Ghedi, de cometer traição por ter permitido a entrada de tropas etíopes no país. No sábado, está previsto que o Parlamento estude uma moção de não confiança que será apresentada por legisladores que se opõem à presença de soldados estrangeiros.

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