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Ministro tailandês cancela viagem ao Camboja para negociar cessar-fogo

Porta-voz do exército tailandês Sansern Kaewkamnerd disse que 'participaremos das conversas sob a condição de que deixem de disparar durante alguns dias. Informamos ao Camboja claramente desta condição'

Por Efe
Atualização:

Bangcoc - O ministro da Defesa tailandês, Pravit Wongsuwan, cancelou sua viagem ao Camboja prevista para esta quarta-feira para negociar um cessar-fogo na fronteira, onde pelo menos 13 soldados morreram desde a última sexta, informaram fontes militares.

 

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"Ontem à noite decidimos cancelar a viagem do general Pravit a Phnom Penh, prevista para hoje, depois que a imprensa cambojana indicou que a Tailândia aprovou às negociações após admitir sua derrota", disse Sansern Kaewkamnerd, porta-voz do exército tailandês.

 

"Participaremos das conversas sob a condição de que deixem de disparar durante alguns dias. Informamos ao Camboja claramente desta condição", acrescentou Kaewkumnerd.

 

Os combates recomeçaram na noite de terça-feira e continuavam na manhã desta quarta em torno dos templos de Ta Muen e Ta Kwai, segundo disseram hoje as autoridades do Camboja.

 

O porta-voz do Ministério da Defesa cambojano informou através de um comunicado que a Tailândia bombardeou durante toda a noite as posições cambojanas com intenso fogo de artilharia e que desde o amanhecer continuavam os enfrentamentos entre tropas de infantaria.

 

Desde a sexta-feira, seis soldados tailandeses e sete cambojanos morreram nos enfrentamentos, que também levaram à evacuação de 30 mil tailandeses e 22 mil cambojanos, segundo dados oficiais difíceis de contrastar porque as autoridades dos dois países mantêm um tom triunfalista ou vitimista.

 

Os combates começaram em torno dos templos Ta Muen e Ta Kwai, construídos durante o antigo Império Khmer e situados na fronteira entre o nordeste da Tailândia e o norte do Camboja.

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Ontem, os enfrentamentos se deslocaram 100 quilômetros ao leste da fronteira, onde se encontra outro templo khmer, Preah Vihear, declarado patrimônio da humanidade pela Unesco.

 

Nenhum das chamadas à calma e ao diálogo da ONU, da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e dos Estados Unidos conseguiram deter a escalada da tensão.

 

Tailândia insiste em realizar conversas bilaterais com o Camboja, que prefere a mediação internacional, e rejeita a presença de observadores indonésios na fronteira - apesar de ter aceitado isso em 22 de fevereiro -, enquanto os soldados cambojanos não se retirarem das áreas em disputa.

 

As fronteiras entre os países, fortemente minada, nunca estiveram claramente delimitadas desde que a França abandonou suas colônias no Sudeste Asiático após a Segunda Guerra Mundial.

 

Esta disputa ganhou força em 2008, quando Preah Vihear foi declarado Patrimônio da Humanidade e a Unesco o inscreveu dentro do território cambojano.

Neste caso, a Tailândia não reivindica o templo, mas uma zona de 4,6 quilômetros quadrados adjacente.

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