Ministros bolivianos são feitos reféns na fronteira com o Brasil

Autoridades foram retidas pela população local para forçar a instalação de uma siderúrgica brasileira na região. Governo de La Paz considera a reivindicação ilegal

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Por Agencia Estado
Atualização:

Três ministros do governo boliviano foram feitos reféns por habitantes da cidade de Puerto Suárez, na fronteira com o Brasil, em meio a pressões da população local para que o Executivo autorize a instalação de uma siderúrgica brasileira, informaram autoridades locais. Os ministros de Planejamento do Desenvolvimento, Carlos Villegas, de Desenvolvimento Econômico, Celinda Sosa, e de Mineração, Walter Villarroel, estão retidos na cidade boliviana , informou o titular de Defesa, Walker San Miguel, em entrevista coletiva. O incidente ocorreu por volta das 19h30 (20h30 de Brasília). Os habitantes de Puerto Suárez, junto com seus vizinhos de Puerto Quijarro, resolveram reter as autoridades - que foram à região participar de uma reunião - para pressionar o Executivo a emitir uma licença ambiental em favor da empresa siderúrgica MMX, filial do grupo brasileiro EBX, do empresário Eike Batista. O governo boliviano considera a instalação ilegal porque está localizada na região fronteiriça do país, proibida para estrangeiros, e porque pretende utilizar carvão vegetal, o que poderia causar graves prejuízos para o meio ambiente da região, segundo La Paz. Aparentemente, os ministros não sofreram maus-tratos, mas apenas insultos de pessoas que participaram da assembléia. Em La Paz, o ministro San Miguel voltou a acusar os executivos da empresa brasileira de burlar a legislação tributária boliviana e de pressionar as autoridades, usando os habitantes da região fronteiriça. Governo reage O vice-ministro de Coordenação Governamental, Héctor Arce, garantiu que o governo "não negociará a soberania do país e muito menos sob pressão". Arce disse que o incidente, que qualificou de crime contra o estado de direito, será levado à Promotoria Geral da República, para investigação e punição. Os reféns tinham viajado à fronteira para explicar aos habitantes da região o mecanismo aprovado pelo governo para assegurar a licitação da exploração das jazidas de ferro de Mutún, localizadas a 30 quilômetros ao sul da região de conflito.

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