12 de maio de 2011 | 07h18
O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, disse nesta quinta-feira, 12, que a missão americana que matou Osama Bin Laden na semana passada não tinha como objetivo principal assassinar o líder da Al-Qaeda.
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Holder disse à BBC que a operação era uma "missão de matar ou capturar". Caso Bin Laden tivesse se rendido, os americanos teriam aceitado a proposta, afirma Holder.
O secretário de Justiça dos Estados Unidos disse que a principal preocupação da missão era minimizar os riscos aos oficiais americanos da Navy Seals, a unidade especial das Forças Armadas americanas que conduziu a operação.
Holder disse que as forças especiais agiram "de maneira adequada" na falta de qualquer indício claro de que Bin Laden se renderia.
"Se a possibilidade existisse, se houvesse a possibilidade de uma rendição factível, isso teria acontecido", disse Holder à BBC.
"Mas a sua proteção, isto é, a proteção das forças que entraram no complexo era, eu acredito, o principal que tínhamos em mente."
O secretário da Justiça reiterou que a operação toda foi legal, afirmando que as leis internacionais permitem que comandantes inimigos sejam alvos de operações.
"Eu acredito que os pingos nos 'i's e os traços nos 't's são o que distingue os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e nossos aliados daqueles que estamos combatendo", disse ele.
"Nós respeitamos a força da lei, há formas adequadas para nos comportarmos e esperar que nossas pessoas se comportem, e eu acredito que os Navy Seals [a força especial americana] se comportou de tal forma que é consistente com valores americanos e britânicos."
Críticas
Na quarta-feira, filhos de Bin Laden criticaram a forma como o líder da Al-Qaeda foi morto.
Duas autoridades das Nações Unidas divulgaram uma nota na qual afirmam que o uso de força mortal é permitido em casos excepcionais e como último recurso.
"No entanto, a regra deveria ser que terroristas sejam tratados como criminosos, através de processos legais de prisão, julgamento e punição decidida por julgamento", diz a nota assinada pelos inspetores especiais da ONU para execuções extra-judiciais Christof Heyns e Martin Scheinin.
Bin Laden foi morto no dia 2 de maio em um complexo em Abbottabad, no Paquistão. O líder da Al-Qaeda não estava armado quando foi morto, mas autoridades americanas disseram que havia armas em seu quarto.
O governo americano decidiu não divulgar imagens de Bin Laden morto, o que gerou desconfiança de alguns críticos, que exigem maior transparência sobre a operação em Abbottabad.
Alguns parlamentares tiveram acesso às fotos de Bin Laden morto, mas o governo americano se recusa a divulgar as imagens publicamente. O senador James Inhofe, republicano do Estado de Oklahoma, disse que as imagens são "pavorosas", mas que elas provam que o corpo seria mesmo do líder da Al-Qaeda.
Autoridades americanas disseram que documentos apreendidos junto a Bin Laden mostram que ele esteve envolvido com todos os episódios recentes de ameaça da Al-Qaeda. Eles estão analisando documentos contidos em mais de 100 pendrives e cinco computadores.
Um dos documentos mostraria que Bin Laden calculou o número de americanos que teriam que morrer para que os Estados Unidos deixassem o Oriente Médio.
Ele também teria incentivado ataques a Los Angeles e Nova York. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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