Mísseis buscaram Saddam em ataque de decapitação

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Por Agencia Estado
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Cerca de 90 minutos depois de encerrado o ultimato dado ao Iraque pelos Estados Unidos, a aviação americana começou a atacar o país na madrugada de hoje, às 5h33 em Bagdá (23h33 de ontem em Brasília). Foram três ações sucessivas, com pequenos intervalos uma da outra. O início da guerra foi confirmado pelo porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. Minutos depois, o presidente dos EUA, George W. Bush, fez um pronunciamento na TV para anunciar o ataque, dizendo que os primeiros bombardeios estavam direcionados a ?alvos precisos? de importância militar com a finalidade de debilitar a capacidade de Saddam Hussein. ?Os estágios iniciais do desarmamento do regime iraquiano começaram?, afirmou Bush. Ele prometeu ?vitória militar? em uma campanha ampla e coordenada, mas ressalvou que ela ?poderá ser maior e mais difícil do que alguns predizem?. O Pentágono definiria depois a operação de ?ataque de decapitação? para remover Saddam antes de os Estados Unidos deslancharem os bombardeios massivos contra o país. Segundo fontes do Pentágono citadas pela rede de TV a cabo CNN, Saddam era o alvo. Fontes no governo indicaram que se tratava de um palácio presidencial onde estariam reunidos líderes iraquianos. Não ficou claro se foi atingido. Um porta-voz oficial iraquiano admitiu, entretanto, que foram atingidas instalações e postos militares, sem dar detalhes. Em outro ataque, ouviu-se um forte estrondo e uma bola de fogo surgiu no sudeste, nos arredores do Rio Tigre, no sudeste de Bagdá, comprovou o correspondente da agência EFE, falando do Hotel Palestina, onde se concentravam vários jornalistas. Depois se constatou que a refinaria Al-Zaura estava sendo consumida por um poderoso incêndio, aparentemente após ser atingida por um míssil. Ao nascer do dia, houve mais explosões no sul da cidade. Repórteres comentavam que o objetivo do ataque intensivo ao sul talvez fosse também abrir caminho para a chegada das tropas, que viriam dessa direção, do Kuwait. Efetivamente, unidades de infantaria dos EUA no Kuwait começaram a mover-se pouco depois em direção à fronteira com o Iraque, segundo um repórter da Reuters que estava com as tropas. Testemunhas relataram ter ouvido disparos de artilharia na fronteira. No início da manhã, aviões F-14 preparavam nova incursão, informou a rede de TV a cabo CNN. O filho mais velho do presidente Saddam Hussein, Uday ? encarregado da defesa da cidade ?, convocou a população civil e os militares iraquianos a defenderem o país, falando na Rádio Al-Shahab, de sua propriedade. Uday pediu à população que não tenha medo ?porque Deus está a seu lado e lhes dará a vitória?. Tão logo as sirenes soaram, os moradores procuraram abrigo nos porões. Quatro horas depois do ínício do ataque americano, a TV iraquiana transmitiu um pronunciamento de Saddam. As forças americanas lançaram mísseis de cruzeiro Tomahawk, de porta-aviões no Mar Vermelho e no Golfo Pérsico, e bombas de precisão de um jato F-117 Nighthawk ? caça-bombardeiro da Força Aérea conhecido como invisível. Também foram usados bombardeiros B-52. As baterias antiaéreas na capital iraquiana foram acionadas e as sirenes soaram. Estrondos eram ouvidos no sul da cidade e nuvens de fumaça eram vistas na cidade. Segundo a TV americana NBC, forças especiais do país já se infiltraram em Bagdá. O primeiro-ministro australiano, John Howard, anunciou que caças e tropas do país também já estavam em ação no Iraque. As tropas britânicas e americanas no Kuwait não haviam recebido ordens para deslanchar o ataque terrestre ao Iraque, mas estavam preparadas, informou o porta-voz militar da Grã-Bretanha, coronel Chris Vernon. O porta-voz dos militares dos EUA, major David Andersen, disse não ter como confirmar qualquer atividade em terra e testemunhas na fronteira disseram que a região estava calma. Reunião Bush deu a ordem para o início da guerra após uma reunião com comandantes militares e assessores de Segurança Nacional no Salão Oval da Casa Branca, a qual durou quase quatro horas. A sessão terminou 40 minutos antes de expirar o ultimato a Saddam. Nesse momento estavam na Casa Branca seus principais assessores e também o vice-presidente Dick Cheney, que desde os atentados de 11 de setembro raramente permanece com Bush no mesmo local, por razões de segurança. Em Londres, um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse que ele foi informado poucas horas antes que o ataque seria antecipado. A notícia causou estranheza porque a Grã-Bretanha é o principal aliado dos EUA e enviou mais de 40 mil soldados para o Golfo. Afeganistão Simultaneamente ao início do ataque ao Iraque, tropas americanas no Afeganistão lançaram uma grande operação no sul do país em busca de terroristas da rede Al-Qaeda e do líder da organização, Osama bin Laden, informaram fontes militares citadas pela Associated Press. Segundo as fontes, a operação ? a maior em mais de um ano em território afegão ? envolve mais de mil soldados. Veja o especial:

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