WASHINGTON - O encontro ocorrido no fim de semana entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, foi marcado pelo tumulto causado pelas notícias que circulavam dizendo de que a Coreia do Norte havia acabado de lançar um míssil balístico.
Richard DeAgazio é um agente financeiro aposentado e um dos sócios do resort Mar-a-Lago, além de ser um grande apoiador de Trump. No sábado, ele compareceu ao jantar de gala oferecido pelo presidente, e aproveitou a oportunidade para tirar fotos e publicá-las em sua página no Facebook - que acabou sendo deletada.
As imagens mostram que o “jantar de trabalho” com Abe se transformou em poucos minutos em um gabinete de crise improvisado, pelo qual circulavam assessores, diplomatas, tradutores, garçons, namoradas e milionários membros do clube da cidade de West Palm Beach.
O teste do regime norte-coreano obrigou Trump e Abe a afastarem-se da informalidade - na mesa estavam acompanhados de suas mulheres, Melania e Aki, respectivamente, e pelo dono do time de futebol New England Patriots, Bob Kraft - para tramitar a resposta à provocação de Pyongyang.
Assessores, membros do Conselho de Segurança Nacional e de ambas equipes de governo começaram a distribuir documentos se esquivando de garçons, segundo afirmaram testemunhas nas redes sociais e a veículos de comunicação locais.
Em razão da tênue iluminação da luz de velas, os assessores de Trump e de Abe tiveram que utilizar as luzes de seus celulares - dispositivos vulneráveis a hackers - para analisar relatórios confidenciais, enquanto o magnata atendia o telefone ou comentava o transcorrer da crise.
DeAgazio compartilhou várias fotos do caos ocasionado pelo teste norte-coreano, e disse que era "fascinante" ver uma crise internacional desdobrar-se na varanda de Mar-a-Lago, algo que costuma acontecer a portas fechadas, em salões reservados e repletos de medidas de segurança e sigilo.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que nenhum assunto secreto foi discutido durante o jantar, e afirmou que as fotos registraram um momento em que Trump e Abe discutiam sobre as logísticas da coletiva de imprensa que eles dariam.
Ainda assim, democratas disseram que a cena em Mar-a-Lago parecia apresentar riscos com relação à segurança do país. Eles também destacaram que, durante a campanha presidencial, Trump fez muitas críticas a sua então rival, Hillary Clinton, pelo uso de uma conta de e-mail privada para tratar de assuntos de trabalho enquanto ela era secretária de Estado, ressaltando a falta de segurança que havia na ação. / NYT, REUTERS e EFE