Mladic é extraditado para Haia depois de recurso da defesa ser rejeitado

Tribunal de guerra sérvio rejeitou recurso de general, que já partiu para a sede do Tribunal da ONU

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Por BBC Brasil
Atualização:

ROTERDÃ - O ex-comandante do Exército sérvio-bósnio Ratko Mladic foi embarcado nesta terça-feira, 31, em um avião rumo a Haia, na Holanda, onde fica o Tribunal Penal Internacional, após o Tribunal de Crimes de Guerra em Belgrado ter rejeitado um recurso que contestava a legalidade de sua extradição.

 

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 A ministra da Justiça sérvia, Snezana Malovic, informou que assinou a ordem de extradição e, após audiência, Mladic foi levado para o aeroporto de Belgrado. Segundo o correspondente da BBC em Belgrado Mark Lowen, a partida de Mladic foi mais rápida do que a maioria previa. Ele foi colocado no avião antes mesmo de o governo confirmar sua partida. De acordo com Lowen, aparentemente o governo sérvio agiu para evitar mais protestos dos partidários e simpatizantes de Mladic. No domingo, milhares de pessoas se reuniram na capital sérvia protestando contra a prisão de Mladic e apontando o ex-comandante do Exército sérvio-bósnio como um herói nacional, além de criticar o governo pró-ocidente do presidente Boris Tadic pela prisão do general. Horas O tribunal em Belgrado precisou apenas de algumas horas para tomar a decisão depois de receber o recurso do advogado de Mladic, Milos Saljic, na manhã desta terça-feira. Saljic alegava que o general precisa de cuidados médicos e está muito doente, sem condições de enfrentar um julgamento. Depois da decisão tomada pelo tribunal em Belgrado, de rejeitar o pedido de recurso, o procedimento de transporte até o aeroporto foi rápido. De Haia, ele deverá ser levado para um centro de detenção do Tribunal Penal Internacional, na cidade de Scheveningen. Depois que Mladic chegar ao tribunal em Haia, ele deverá comparecer a uma audiência inicial, antes do início dos preparativos para o julgamento. O general responderá por genocídio, dentre outras acusações. Importância Mladic, que era um dos acusados de crimes de guerra mais procurados do mundo, foi capturado na última quinta-feira, após viver foragido por 16 anos. A prisão de Mladic era considerada fundamental para as chances de a Sérvia ingressar na União Europeia.

 

No domingo, o filho de Mladic, Darko Mladic, disse que seu pai nega ter ordenado o massacre de Srebrenica, em 1995, no qual 7,5 mil homens e meninos muçulmanos foram mortos. O massacre, ocorrido durante a Guerra da Bósnia, foi a maior atrocidade cometida em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial. Herói Também na terça-feira, foi permitido a Mladic visitar a sepultura de sua filha Ana, sob um forte esquema de segurança. Ana Mladic cometeu suicídio em 1994, aos 23 anos de idade, após supostamente ter lido sobre os crimes do pai em uma revista. Durante a visita de 20 minutos, ele acendeu uma vela e deixou um pequeno buquê de flores.

Muitos na Sérvia e em enclaves sérvios na antiga Iugoslávia consideram Mladic um herói dos conflitos dos anos 1990.

 

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