
25 de março de 2015 | 02h01
Tudo isso faz do acidente com o jato da Germanwings um enigma intrigante. A aeronave voava na faixa de altitude regular, acima de 10 mil metros, e na velocidade de cruzeiro, cerca de 870 km/hora. Especialistas ouvidos ontem pelo Estado consideravam "bizarro" e "extraordinário" o fato de o A320 ter caído desse patamar - "Onde as coisas são calmas e é possível manter um lápis em pé no piso do corredor", como analisou o engenheiro Ludwig Müller, um ex-projetista da Airbus - até os 2 mil metros. Durante a queda de longos 8 minutos, linear como indicam as marcas do choque com as montanhas, foi mantido silêncio de rádio. Pouco mais de meia hora antes da tragédia, ainda no aeroporto de El Prat, em Barcelona, de onde sairia rumo a Dusseldorf, o avião da Germanwings havia recebido cinco luzes verdes na breve avaliação de terra que precede cada decolagem.
A ocorrência de um fenômeno meteorológico era vista como improvável por um oficial da Aeronáutica do Brasil, ex-integrante do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes. Para o militar, "uma eventualidade desse tipo pode contribuir, mas não pode determinar acidentes". A possibilidade de uma falha eletrônica, mau funcionamento de um dispositivo ou erro de pilotagem não podem ser descartados. A primeira caixa-preta, que guarda as últimas informações do voo, foi encontrada pelos socorristas no início da operação de resgate. Os dados, combinados com o registro de voz do segundo mecanismo, poderão contar a história da morte dos 150 ocupantes.
O avião, fabricado em 1991, era um dos 6,5 mil da família (há quatro variações) produzidos pela Airbus desde 1988. O preço de mercado da versão mais recente bate em US$ 97 milhões. O modelo acumula 17 acidentes e incidentes ao longo de 27 anos.
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