Moderado liderará poderoso organismo iraniano

Ex-presidente Rafsanjani é eleito para órgão responsável pela escolha do líder supremo, numa derrota para os radicais

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Por Reuters , AP , NYT e Teerã
Atualização:

O ex-presidente iraniano Hashemi Rafsanjani foi eleito ontem líder da poderosa Assembléia dos Especialistas, que tem entre as atribuições a escolha, supervisão e eventual destituição do líder supremo do Irã, atualmente o aiatolá Ali Khamenei. Rafsanjani, de 73 anos, derrotou o aiatolá Ahmad Jannati, líder do conservador Conselho Guardião. Rafsanjani obteve 41 votos e Jannati, 34. O ex-presidente sucederá ao aiatolá Ali Meshkini, que morreu em julho, aos 85 anos, e presidirá um organismo formado por 86 clérigos. A eleição de Rafsanjani é considerada uma derrota para a linha dura do Irã e uma vitória para a ala dos moderados. Também representará um desafio para Khamenei que, como líder supremo, tem a última palavra nos assuntos de Estado. Rafsanjani, que foi presidente entre 1989 e 1997, defendeu ontem um papel mais ativo para a Assembléia dos Especialistas nos assuntos internos do país. Mas analistas acreditam que não haverá uma mudança drástica na política nuclear e externa do Irã, pressionado pela comunidade internacional para pôr fim a seu programa de enriquecimento de urânio. Um diplomata ligado às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse ontem em Genebra que não há evidências de que o Irã tenha 3 mil centrífugas funcionando como anunciou no domingo o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad. "Talvez (Ahmadinejad) tenha somado as centrífugas da usina principal e da instalação piloto", disse o diplomata, que não quis ter seu nome revelado. Um relatório da AIEA indica que o Irã tem cerca de 2 mil centrífugas em Natanz e outras 800 em vários estágios de instalação e teste. As declarações de Ahmadinejad são vistas por diplomatas e analistas como uma tentativa de minar as negociações entre os conservadores pragmáticos e a AIEA. "Eles (os líderes radicais) acreditam que se o Irã fizer concessões ao Ocidente na questão nuclear, será o primeiro passo para uma mudança de regime", disse um diplomata.

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