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Modi já não é invulnerável, mas deve ficar no poder; leia análise

Com eleições parlamentares daqui a três anos e nenhum sinal de defecção do seu governo, futuro do premiê indiano parece garantido

Por Jeffrey Gettleman e Hari Kumar
Atualização:

A força-tarefa contra a covid-19 não se encontra há meses. O seu ministro da Saúde garantiu ao público, em março, que a Índia tinha posto um “ponto final” na pandemia. Antes disso, o primeiro-ministro Narendra Modi se gabara aos líderes globais que sua nação havia triunfado sobre o coronavírus. A Índia “salvou a humanidade de um enorme desastre contendo efetivamente o corona”, anunciou em uma reunião virtual no Fórum Econômico Mundial, no final de janeiro.

Especialistas de todo o mundo outrora se mostraram perplexos porque parecia que o país havia escapado do pior da pandemia. Surgiram explicações como a da saúde relativa e a juventude da população, que Modi e seu governo aceitaram, se não chegaram até a encorajar.

Com eleições parlamentares daqui a três anos e nenhum sinal de defecção do seu governo, futuro do premiê indiano parece garantido Foto: Indian Press Information Vureau via AFP

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O crescente abatimento que tomou conta da nação obscurece a aura de invulnerabilidade política, que ele ganhara esmagando a oposição e valendo-se do próprio carisma pessoal para tornar-se o político mais poderoso da Índia das últimas décadas. Os líderes da oposição partiram para o ataque, e o seu poder centralizador o tornou cada vez mais alvo de críticas devastadoras online.

Modi se cercou de aliados e não de especialistas. Os funcionários de alto escalão se sentem intimidados demais para apontar os erros. O seu partido e seus aliados também passaram a silenciar os críticos, ordenando ao Facebook, Instagram e Twitter que tirassem as mensagens críticas e ameaçando prender as pessoas que pediam oxigênio. 

Segundo os analistas, Modi trabalhou muito melhor durante a primeira onda. Político de grande experiência de raízes humildes e uma queda para gestos dramáticos, adotou as máscaras e o distanciamento social desde os primeiros dias. No dia 24 de março de 2020, quando a Índia registrava menos de 600 infectados no total, Modi ordenou que o seu país entrara no mais rigoroso lockdown do mundo. A maioria das pessoas obedeceu e permaneceu em casa. Os especialistas atribuem ao lockdown, embora com falhas, a redução do contágio. Mas as restrições revelaram-se economicamente devastadoras. Então veio o medo de impor em novo lockdown. 

Ainda assim, com as eleições parlamentares daqui a três anos e nenhum sinal de defecção do seu governo, o poder de Modi parece garantido, graças a uma oposição fraca e a sua habilidade de incendiar sua base nacionalista hindu. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

* SÃO JORNALISTAS

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