Mogadiscio recebe visita histórica de presidente somali

O presidente somali, Abdullahi Yusuf, não governava com sede em Mogadiscio pois a capital era dominada por líderes tribais, encabeçados pelos "senhores da guerra"

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Por Agencia Estado
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A notícia da chegada do presidente da Somália à capital Mogadiscio nesta segunda-feira encerrou um período de 40 anos em que o líder não pisava na capital de seu próprio país. Abdullahi Yusuf, que governa o país desde 2004, exercia suas funções de Baidoa, cidade que por muito tempo foi a única controlada pelo governo somali. O presidente não governava a partir de Mogadiscio pois a capital era dominada por líderes tribais, encabeçados pelos chamados "senhores da guerra". A Somália tornou-se independente em 1960, e em 1991, depois de sofrer com conflitos internos entre ex-soviéticos e civis, foi tomada peloos senhores da guerra. Desde então, o país fragmentou-se em regiões dominadas por esses líderes tribais. Em 1991 a região da Somalilândia declarou-se independente da Somália. Embora possua certa estabilidade, a região não foi reconhecida como estado independente por nenhum governo estrangeiro. A ação humanitária da ONU Após todo o tempo de conflito interno somali, a ONU, apoiada por tropas dos Estados Unidos, iniciou uma ação humanitária no país. No entanto, a operação fracassou, deixando 18 soldados norte-americanos mortos. Os marines deixaram a Somália em 1993. Sem o apoio norte-americano, a ONU resistiu até 1995, mas deixou o país por falta de recursos para manter a operação. A posse de Yusuf O atual presidente do Governo Nacional de Transição, Muhammad Abdi Yusuf, elegeu-se em outubro de 2004, em Nairóbi, capital do Quênia, já que Mogadiscio era controlada por chefes tribais, sofrendo influência dos senhores da guerra. Com sede em Baidoa, a 200 Km a noroeste de Mogadiscio, o governo de Yusuf é considerado fraco pela comunidade internacional, justamente por sofrer oposição dos chefes tribais. Por conta da inexistência de um governo central na prática, a Somália vive em constantes guerras civis. No dia 5 de julho de 2006, as milícias islâmicas, que compõem a União das Cortes Islâmicas (UCI) tomaram parte da capital somali. A intenção era impor a lei islâmica nas cidades comandadas. No entanto, em junho de 2006, o governo somali decidiu assinar um acordo de reconhecimento mútuo com a UCI. Um mês depois, um dos últimos focos de resitência dos senhores da guerra foi derrotado, após dois dias de batalha que deixou 140 mortos e 150 feridos. A partir disso, os islâmicos passaram a controlar o sudeste e a capital Mogadiscio, além de pretender tomar outras regiões somalis. A Somália, então, pediu ajuda internacional, e o Conselho de Segurança da ONU fez planos de enviar uma força de paz africana para apoiar Yusuf. As tropas foram armadas pela Etiópia, que já estão atuando em favor do governo somali. Os Estados Unidos apóiam a presença de tropas estrangeiras na Somália, pois, segundo líderes americanos, a UCI possui ligação com a Al-Qaeda.

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