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Moldávia vive entre a UE e a independência

Eleição de hoje opõe autonomistas aos que querem união com a Romênia

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Por Redação
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A reunificação alemã é um tema cada vez mais comum na Moldávia, país mais pobre da Europa. Na corrida para as eleições parlamentares, marcadas para hoje, os partidos de oposição têm um grande apoio popular. Eles pedem um estreitamento dos laços e até uma união com a Romênia, membro da União Europeia (UE). Os moldávios falam romeno e vivem em um país que faz fronteira com a Ucrânia e fez parte da Romênia, de 1918 a 1940. Por isso, 800 mil de seus 3,4 milhões de habitantes já pediram cidadania do país vizinho. "Se romenos e moldávios decidirem a favor de uma união, a UE não se oporá", diz um diplomata europeu. Afinal, segundo ele, os alemães criaram um precedente com a reunificação, em 1990. Antiga república soviética, a Moldávia está numa região de tensão geopolítica entre Moscou e o Ocidente. O país é neutro e pertence à Comunidade de Estados Independentes, aliança regional que reúne a maioria das ex-repúblicas soviéticas. O partido mais ansioso para manter a Moldávia independente é o Partido Comunista (PC), que governa há oito anos. Ele tira suas forças da expansão vivida na era soviética. Durante anos, o presidente moldávio Vladimir Voronin, que chefia o PC, estimulou o eleitorado com esperanças de um "renascimento socialista". Agora, adotou uma postura pró-Europa. Voronin ainda deposita coroas de flores em monumentos a Lenin e mantém no programa do PC o "vulcão de criatividade social, nascido na revolução". Entretanto, esses comunistas afáveis são cada vez menos populares. As únicas pessoas que escutam obedientemente os discursos monótonos de Voronin são os aposentados. Falando em Ustia, no leste do país, ele promete que eles, em breve, "não estarão em situação pior que a população das cidades." Um cartaz eleitoral comunista, colado numa mercearia, mostra uma bela jovem com dentes impecáveis e o seguinte slogan: "Estamos construindo juntos uma Moldávia europeia." No entanto, há poucos sinais de jovens beldades com sorrisos perfeitos na aldeia. Os fregueses que entram na loja são, principalmente, desempregados de longa data com falhas nos dentes. "Os jovens foram para a Rússia ou para a Europa", disse Mikhail, de 60 anos. Os que ficaram protagonizam explosões frequentes de raiva contra o corrupto regime do PC, que ajudou o filho do presidente, Oleg, a se tornar o empresário mais rico do país, onde o salário mensal médio é de US$ 232. "Não temos medo" é o slogan em um comício de partidos de oposição na capital Chisinau, que reuniu 30 mil pessoas. A fonte desse medo é o Serviço de Informação e Segurança. A agência de inteligência fica em um edifício de pedra cercado de arame farpado. Seus funcionários dizem que têm os opositores "sob controle" - ou seja, chantageados e comprados. O atual prefeito de Chisinau, Dorin Chirtoaca, do Partido Liberal, sonha com uma grande Romênia, que inclui a Moldávia. Em seu sonho de reunificação, porém, não há lugar para a região de fala russa, a Transdniester. A província rebelde sofreu tanto sob a Romênia, aliada dos nazistas na 2ª Guerra, que uma reunificação plena parece improvável. O autoproclamado presidente da Transdniester, Igor Smirnov, que não é reconhecido internacionalmente, diz que não se unirá aos romenos. "Vocês não devem nos confundir com a Alemanha Oriental."

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