Monges oferecem mediação entre soldados e palestinos

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Por Agencia Estado
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Os superiores da Ordem dos Franciscanos, em Roma, ofereceram-se como mediadores entre o Exército de Israel e os cerca de 200 militantes e policiais palestinos entrincheirados no convento ao lado da Basílica da Natividade, em Belém, e frisaram que os religiosos também sitiados na igreja não abandonarão o lugar "para evitar um massacre". Também negaram versões do exército israelense de que os monges estejam sendo mantidos como reféns pelos palestinos. O superior da Ordem, frei Giacomo Bini, fez um apelo mundial por ajuda e escreveu ao presidente dos EUA, George W. Bush, para que intervenha pela paz. Bini disse que o representante na Terra Santa, frei Giovanni Battisteli, aguarda, com outros religiosos, para mediar entre os dois grupos. Israel não tem aceitado ofertas de mediação. Há 44 frades da Ordem dos Franciscanos no local e 30 religiosos das igrejas cristã ortodoxa e armênia. As tropas israelenses exigem a rendição dos grupos armados e os acusam de terem feito os religiosos reféns, mas garantem que não vão atirar contra a basílica ou outros locais sagrados. O Exército informou ter "ajudado quatro padres a escapar" da edificação. O serviço de imprensa dos franciscanos informou que dois frades decidiram sair por razões de saúde e um outro porque precisava voltar à Itália. Os demais querem permanecer lá dentro, assinalou. Os franciscanos temem que os militares israelenses estejam tentando legitimar um ataque iminente à basílica. "Há alegações de que o Exército de Israel decidiu considerar os franciscanos no santuário como reféns", disse o frei David Jaeger, que está em Roma. "Tememos que isto possa servir de pretexto para uma ação iminente, talvez armada". Ele ressaltou que "os frades não são reféns. Eles estão em sua própria casa, no local a que pertencem por sua fé e vocação e em obediência às ordens de seus superiores." Bini disse que os religiosos permanecerão ali, entre as duas partes, buscando um diálogo com todo o mundo, para evitar um final trágico, e salientou que estão dispostos a oferecer proteção aos militantes e policiais palestinos contra eventuais represálias israelenses, desde que os entrincheirados deponham as armas. Ele recordou que, durante a Segunda Guerra Mundial, os franciscanos salvaram em seus conventos milhares de judeus que corriam o risco de serem enviados para os campos de extermínio nazistas. "Quem sofreu em um passado recente ou remoto, que não se arrogue o direito de fazer sofrer agora os outros porque, senão, nunca haverá uma solução para a dor", declarou. O superior dos franciscanos confirmou que na quinta-feira os israelenses destruíram uma porta nos fundos que dá para um pequeno pátio da basílica (o Exército nega) e os palestinos também destruíram uma outra porta, ao entrarem no local na segunda-feira.

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