PUBLICIDADE

Moradores de Mogadiscio saem para orar em meio a trégua

"Apoiamos as Cortes Islâmicas porque os civis desarmados precisam apoiar quem é mais poderoso", disse Osman Ali Kulmiye, um morador da cidade

Por Agencia Estado
Atualização:

Os moradores de Mogadiscio participaram de orações em diversas partes da capital somali nesta sexta-feira, depois de uma semana de relativa calma desde que uma milícia islâmica assumiu o total controle da cidade e ampliou sua influência nesta conturbada nação africana. Trata-se da primeira vez em mais de uma década que moradores de Mogadiscio participam das tradicionais orações muçulmanas de sexta-feira com os diversos bairros da cidade unificados sob uma mesma autoridade. "Não sabemos o que acontecerá no futuro, mas apoiamos as Cortes Islâmicas porque os civis desarmados precisam apoiar quem é mais poderoso", disse Osman Ali Kulmiye, um morador da cidade. "Acreditamos que eles restaurarão a lei e a ordem no país." Na segunda-feira, a milícia fundamentalista islâmica União das Cortes Islâmicas tornou-se o primeiro grupo a consolidar o controle de toda a cidade de Mogadiscio em 15 anos. A milícia vinha lutando com uma aliança de senhores da guerra seculares pelo controle do país. A situação agravou-se a partir de fevereiro. A partir de então, cerca de 330 pessoas morreram e 1.700 ficaram feridas. Negociações Na quinta-feira, a União das Cortes Islâmicas abriu negociações com o governo interino da Somália, apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Tanto os Estados Unidos quanto a União Européia (UE) emitiram respostas relativamente conciliatórias ao diálogo. A União das Cortes Islâmicas pretende encerrar os 15 anos de conflito na Somália por meio da instalação de um governo e de um sistema judiciários baseados nas leis islâmicas. Apesar dos dias de relativa calma em Mogadiscio, dez pessoas morreram e 15 ficaram feridas em episódios de violência ocorridos nesta sexta-feira em Baidoa, onde está estabelecido o governo interino apoiado pela ONU. Milicianos revoltados com tentativas de desarmamento e desmantelamento de postos clandestinos de pedágio atacaram o complexo presidencial, desencadeando um tiroteio com uma milícia responsável pela proteção do presidente Abdullahi Yusuf. A troca de tiros estendeu-se por cerca de duas horas. Os milicianos revoltados não conseguiram ingressar no complexo presidente nem se aproximaram de Yusuf. O governo provisório apoiado pela ONU está sediado em Baidoa, 250 quilômetros a noroeste de Mogadiscio. Entretanto, a administração não tem conseguido exercer autoridade em mais nenhum lugar do país. A Somália afundou no caos a partir de 1991, quando senhores da guerra derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre e depois voltaram-se uns contra os outros. Desde então, o país encontra-se sem um governo central.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.