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Morales aposta no diálogo com a Repsol para formar "boa parceria"

Morales afirmou que "nunca" pensou em expulsar ou expropriar bens das transnacionais, "mas eles não podem ser patrões nem donos, eles têm de ser sócios"

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse neste sábado que aposta no diálogo com a empresa hispânico argentina Repsol YPF para ter "um bom parceiro", mas respeita a investigação iniciada pela Promotoria contra a companhia petrolífera. Em discurso feito na reunião sindical de camponeses na cidade de Cochabamba, Morales disse que seus colaboradores em La Paz lhe informaram que a vice-presidente da Espanha, María Teresa Fernández de la Vega, conversou com o Chanceler boliviano e outros ministros sobre a apreensão de documentos realizada por um grupo de Promotores. "Queremos dizer, como Governo, que respeitamos as investigações feitas pelos poderes do Estado, mas o Governo jamais vai romper relações com as empresas. Haverá diálogo e novos contratos, baseados pelo decreto supremo da nacionalização", disse o governante Boliviano. Morales afirmou que "nunca" pensou em expulsar ou expropriar os bens das transnacionais, "mas eles não podem ser patrões nem donos, eles têm de ser sócios". Andina e Petrobras, empresas que fornecem gás boliviano ao Brasil, são acusadas de um "pacto secreto", assinado em 2002, que teria burlado uma fórmula de reajuste periódico do preço do hidrocarboneto enviado ao Brasil, como um contrato assinado pelos Governos de La Paz e Brasília estipulava. A acusação foi feita há um mês por Gabriel Camacho, diretor designado pela YPFB para a Andina e também pelo ministro dos Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, que calculou o dano cometido contra o Estado boliviano em cerca de US$ 160 milhões. O promotor Cornejo disse neste sábado que o número exato dos supostos prejuízos sofridos pelo Estado será calculado o mais rápido possível, embora acredite que oscilarão entre os US$ 160 milhões e os US$ 190 milhões. A companhia petrolífera hispano-argentina, uma das que mais investiu dinheiro no país andino na última década, também afirmou, na sexta-feira, que entregou toda a informação que estava sendo exigida pelos promotores responsáveis pelo caso. Em meados deste mês, a Petrobras anunciou que esse contrato estava cancelado e assumia prejuízos de US$ 76,7 milhões. A denúncia feita pelo representante de YPFB pede, além disso, que sejam investigados o espanhol José María Moreno, ex-executivo principal da Repsol-YPF na Bolívia, e os brasileiros Antonio Luiz Silva de Menezes e Luis Rodolfo Landim Machado, ex-funcionários da Petrobras. Esta é a segunda vez este ano que fiscais bolivianos visitam de surpresa a sede da empresa hispano-argentina em Santa Cruz de la Sierra. A primeira aconteceu em 9 de março, quando também investigavam uma denúncia de suposto contrabando de petróleo.

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