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Morales diz que empresários bolivianos são "falsos nacionalistas"

Foi sua resposta a um comunicado assinado pela classe empresarial acusando-o de "uma indigna dependência estrangeira de Cuba e Venezuela"

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou os empresários de seu país de um "falso nacionalismo" e de ter líderes que sentem saudades de um modelo capitalista "arcaico que foi derrotado" nas eleições de dezembro. Num texto intitulado "Revolução democrática e cultural; nem um passo atrás!", o governante socialista responde a um comunicado da Confederação de Empresário Privados da Bolívia (CEPB), divulgado nos jornais do país, que acusa Morales de "uma indigna dependência estrangeira de Cuba e Venezuela". Segundo o governante, "é evidente que estamos diante de um manifesto político, que assume como próprio o discurso do partido Podemos e faz uma clara defesa de um modelo econômico arcaico, antinacional e derrotado pelo povo boliviano". Morales referia-se à aliança eleitoral Poder Democrático e Social (Podemos), liderada pelo ex-presidente direitista Jorge Quiroga (2001-2002). "As organizações signatárias levantam hipocritamente um falso nacionalismo para se opor à nacionalização da economia e do Estado bolivianos feita por nosso governo", sustentou em referência à recente nacionalização dos hidrocarbonetos. O chefe de Estado disse que, em apenas quatro meses, seu governo "fez mais em benefício dos bolivianos do que em 20 anos de neoliberalismo", ao aplicar um programa que recebeu 54% dos votos em dezembro de 2005. Ele afirmou que a CEPB "tenta confundir o povo dizendo que não temos programa econômico", mas enumera várias ações, como "a reconstrução do setor público, a construção de infra-estrutura e a industrialização de recursos naturais". A serviço dos "espertos" "Isso beneficiará também os empresários honestos e patriotas, afastados destas cúpulas empresariais antinacionais", disse o presidente no documento. Morales perguntou por que o empresariado não se pronunciou "quando a Bolívia liderava todas as estatísticas internacionais de corrupção, quando o Estado estava a serviço dos mais ´espertos´, quando o sucesso empresarial não dependia da vontade empreendedora e da capacidade produtiva, mas das amizades com figuras importantes do poder político". Para o governante, o empresariado "resiste em aceitar que acabou a festa dos empresários que cresceram com o erário público, amparados por padrinhos políticos". Em relação à suposta dependência cubana e venezuelana, pela ajuda que está recebendo desses governos, Morales indagou: "Quando estas organizações empresariais levantaram a voz frente a embaixadores imperiais que atuavam solapando a soberania e pisoteando a dignidade dos bolivianos?". Pouco antes de emitir o documento, o presidente abandonou uma reunião que realizava na cidade de Cochabamba com dirigentes das organizações agropecuárias, porque não houve acordo para uma reforma agrária do país.

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