Morre aos 83 anos o ex-ditador uruguaio Juan María Bordaberry

Ele foi o responsável pelo golpe de Estado de 27 de junho de 1973, que abriu caminho para a ditadura militar

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Em foto tirada em abril de 1976, Juan María Bordaberry (esq.) acompanha o ex-ditador chileno Augusto Pinochet

 

 

 

MONTEVIDÉU - Morreu ontem em Montevidéu, aos 83 anos, o ex-ditador uruguaio Juan María Bordaberry, responsável pelo golpe de Estado que abriu caminho para a ditadura militar no Uruguai (1973-1985). Condenado a 30 anos de prisão pela morte e desaparecimento de opositores e crimes contra a Constituição, ele cumpria prisão domiciliar. De acordo com o filho do ex-ditador, o senador Pedro Bordaberry, ele foi vítima de uma parada cardiorrespiratória durante a madrugada. Ele seria enterrado na noite de ontem, sem velório, nem honras de Estado. Um rico latifundiário do Partido Colorado, Bordaberry foi eleito em 1971, em uma época polarizada da política uruguaia. O Exército combatia a guerrilha de esquerda Tupamaro, que recorria a sequestros políticos e ações armadas para tentar chegar ao poder. Em 27 de junho 1973, quando o movimento já havia perdido grande parte de sua força, Bordaberry, pressionado pelas Forças Armadas, mandou os tanques às ruas, suspendeu a Constituição e os partidos políticos, e começou a governar por decreto. Três anos mais tarde, os generais o forçaram a deixar o cargo. Bordaberry foi julgado e condenado durante o governo de Tabaré Vazquez (2005-2010). Ele foi processado pela morte de quatro - e posteriormente de mais dez - ativistas de esquerda. Para os dois lados do espectro político, Bordaberry é uma "página virada". "A história foi julgada pelos uruguaios", disse o ex-ministro do Trabalho Julio Baráibar. Segundo o presidente do conservador Partido Nacional, Luis Alberto Heber, o ex-ditador faz parte de uma geração que já não tem lugar no Uruguai de hoje. / AP e REUTERS

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