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Morre brasileiro impedido por Israel de fazer tratamento

Por Agencia Estado
Atualização:

Além do colono judeu nascido em Erexim (RS) Arieh Arnaldo Agranionich, morto num atentado de um grupo palestino na terça-feira, outro brasileiro - Nahim Atallah Ahmad, de 37 anos - acabou se transformando, em outubro, numa vítima indireta do conflito. "Ele morreu porque os militares israelenses não permitiram que ele fosse até Nablus para fazer uma hemodiálise", disse à Agência Estado um irmão de Nahim, Abdul Ahman, comerciante em Santa Maria (RS). "Nahim era diabético e passou três dias tentando convencer os militares que tinham instalado uma barreira numa estrada da Cisjordânia. Ele acabou morrendo praticamente no posto de controle." As barreiras militares erguidas pelos israelenses impedem que palestinos dos territórios controlados pela Autoridade Palestina passem para a área de Israel. "Esses bloqueios só aumentam a revolta dos palestinos contra Israel", declara Ahman. "Quase todos os palestinos que trabalhavam fora da área da AP acabaram perdendo seus empregos porque não podiam chegar ao seu trabalho. O caso das ambulâncias e de doentes que precisam de atendimento hospitalar, como ocorreu com meu irmão, é ainda mais cruel. Tanto que várias entidades de assistência humanitária já intervieram para tentar um acordo, mas os militares israelenses mantêm-se irredutíveis." Ahman afirma que, depois da morte de seu irmão, que nasceu em Santiago (RS), o Comitê de Médicos para os Direitos Humanos de Tel-Aviv passou a exigir que ambulâncias e veículos de transportes de médicos tivessem liberdade de movimento. "Mas, pelo que sei, nada mudou até agora", disse. Nahim era casado com uma brasileira e tinha três filhos. Segundo o irmão, ele viajou para a Cisjordânia com a intenção de instalar-se por lá, onde vivem seu pai e outros parentes. "A região para onde ele viajou não tem tantos conflitos como em Gaza, por exemplo, e a sua morte poderia ter sido evitada", assinala Ahman. "Esse tipo de tragédia só aumenta o ódio dos palestinos e alimenta o apoio aos grupos mais radicais, como o Hamas e a Jihad Islâmica", acrescenta. "Os palestinos, em geral, querem apenas viver em paz e já deram sinais de que se dispõem a conviver no mesmo espaço com os judeus. Aqui no Brasil, as duas comunidades convivem em harmonia e mantêm relações comerciais normais. Mas a direita religiosa israelense faz questão de alimentar a guerra com provocações absurdas", ressalta Ahman.

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