BUENOS AIRES - O ex-general da ditadura argentina Luciano Benjamín Menéndez, condenado em 14 julgamentos por crimes contra a humanidade, morreu nesta terça-feira (27) aos 90 anos, informou uma fonte judicial à agência oficial Télam.
O ex-militar foi o repressor argentino que acumulou mais condenações, 13 delas à prisão perpétua. Ele estava internado havia várias semanas em um hospital militar em Córdoba por uma doença hepática.
Conhecido pelos codinomes "a Hiena", "Chacal" ou "Cachorro", liderou entre 1975 e 1979 o 3º Corpo do Exército, uma estratégica unidade militar com sede em Córdoba, zona de forte desenvolvimento industrial e que foi o berço das lutas sindicais das décadas de 60 e 70.
Ele estava em prisão domiciliar e enfrentava outro julgamento na Província de Córdoba.
Menéndez nunca mostrou remorso pelos crimes cometidos nos campos de concentração sob sua custódia. "Não houve repressão ilegal", disse ele durante um dos julgamentos. "Os criminosos acusam as forças legais e se apresentam à Justiça dizendo que são vítimas", afirmou ele aos juízes.
Homem forte da ditadura e representante da ala mais dura do Exército durante os anos de chumbo chegou a chamar de "brandos" outros hierarcas, como o temível Jorge Rafael Videla, também condenado e morto anos atrás.
Sob suas ordens, operou o centro clandestino de "La Perla", um campo de concentração por onde passaram milhares de detidos.
Ele foi perdoado em 1990 pelo então presidente argentino, Carlos Menem (1989-1999), mas a Justiça anulou em 2003 as leis de anistia e, em 2005, também o perdão concedido na democracia. A ditadura argentina deixou 30 mil desaparecidos, de acordo com organizações de defesa dos direitos humanos. / AFP