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Morre Ronald Biggs, o 'ladrão do século'

Britânico, que tinha 84 anos, veio para o Brasil em 1970 após fugir da prisão e morou no País por três décadas

Atualização:

LONDRES - O britânico Ronald Biggs, conhecido como o "ladrão do século 20" pelo assalto ao trem pagador Glasgow-Londres em 1963, morreu nesta quarta-feira aos 84 anos. Biggs tornou-se o integrante mais famoso do bando após fugir da prisão Wandsworth, em Londres, e ter vivido no Rio de Janeiro por três décadas. Biggs cumpria pena de 30 anos de prisão pelo crime.

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O assalto ao trem noturno do Royal Mail britânico rendeu ao grupo 2,6 milhões de libras, o equivalente a cerca de 40 milhões de libras atualmente (R$ 152 milhões). A história inspirou diversos filmes.

Os 12 assaltantes foram detidos um ano depois e Biggs, após ser processado e condenado a 30 anos de prisão, foi levado para a penitenciária, mas conseguiu fugir 15 meses depois.

Biggs passou 36 anos foragido, a maior parte do tempo morando no Brasil. Viveu no Rio de Janeiro, no bairro de Santa Teresa. Aproveitando-se da liberdade, ele chegou a gravar a canção No One is Innocent com a banda punk britânica Sex Pistols.

O assaltante sempre disse que nunca se arrependeu do crime, apesar de o roubo ter envolvido um ataque violento ao condutor do trem. "Consegui um pequeno lugar na história", disse ele em entrevista, certa vez. A porta-voz de Biggs disse que ele morreu na manhã desta quarta-feira. Ele passou os últimos anos em uma residência para idosos no norte de Londres.

A fuga. Depois de deixar a prisão, Biggs fugiu para a França, e depois para a Austrália e Panamá, antes de chegar ao Rio em 1970. À época, grande parte de sua fortuna conseguida com o assalto tinha sido consumida com cirurgias plásticas para mudar sua aparência e escapar da polícia.

No Rio de Janeiro viveu como turista e marceneiro. Conheceu a dançarina brasileira Raimunda de Castro, com quem se casou e teve um filho, Michael, que anos depois participaria do grupo Balão Mágico, ao lado de Jairzinho, filho do cantor Jair Rodrigues, Simony e Tob.

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Foi descoberto no Brasil pela Scotland Yard em 1974, mas, de acordo com as leis brasileiras por ter um filho brasileiro, tinha permanência no País garantida. A vida no Brasil o tornou famoso. Muitos turistas e jornalistas o procuravam e eram presenteados com a camiseta "Fui ao Rio de Janeiro e conheci Ronnie Biggs".

Em 1981, dois homens que fingiam ser jornalistas sequestraram o ladrão num restaurante no Rio e o levaram de avião para Belém do Pará. De lá, fugiram com Biggs para Barbados, com a expectativa de entregar o assaltante às autoridades e vender a história para tabloides ingleses. Só que o plano fracassou. O pequeno país caribenho não tinha tratado de extradição com a Grã-Bretanha e Biggs retornou ao Brasil.

Em 1997, o Supremo Tribunal Federal rejeitou um pedido de extradição de Biggs, com o argumento de que o crime havia prescrito. À época, o assaltante dizia que não queria voltar para a Inglaterra, onde passaria o resto da vida preso. "Só um tolo quereria retornar e passar a vida numa cela", disse à época.

 

Em 1998, Biggs foi citado no "Samba no pé e mãos ao alto, isso é um assalto", enredo da escola de samba Porto da Pedra que deu destaque ao célebre assalto ao trem.

 

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Prisão. Poucos anos depois, com a saúde cada vez mais debilitada, Biggs aceitou o retorno. O tabloide The Sun fretou um jatinho para ele em troca da exclusividade da cobertura de sua volta.

O agente da Scotland Yard John Coles o prendeu ainda no avião. "Estou formalmente lhe prendendo", disse na ocasião o policial. Biggs ficou oito anos preso. Em 2009, deixou a cadeia com problemas de saúde e vivia desde então num asilo para idosos.

Biggs foi visto em público pela última vez em agosto, numa cerimônia no cemitério de Highgateem em homenagem a Bruce Reynolds, o mentor do assalto, que morreu em fevereiro, aos 81 anos. / AP, EFE e REUTERS

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