Morrem 5 pessoas em protesto de chineses da etnia han

PUBLICIDADE

Por LUCY HORNBY
Atualização:

Cinco pessoas morreram em protestos nesta semana em Urumqi, afirmou o vice-prefeito da cidade nesta sexta-feira, depois de um dia de manifestações e raiva contra o Partido Comunista. Forças de segurança da tensa cidade de Urumqi, no extremo oeste da China, usaram de gás lacrimogêneo para dissolver novos protestos realizados por milhares de chineses da etnia han, que exigem mais segurança depois de uma suposta onda de ataques com seringas. Repetindo os protestos de quinta-feira, eles se queixam da demora das autoridades para punir os membros da etnia islâmica majoritária uigur, que é nativa desta região rica em recursos energéticos. As revoltas são uma rara demonstração de desafio direto ao governo e podem inflamar ressentimentos étnicos à medida em que Pequim se prepara para apresentar as conquistas da nação em 1o de outubro, ano do 60o aniversário do partido comunista de situação. Frente ao apoio cada vez menor entre a maioria étnica chinesa han, Pequim despachou o ministro de Segurança Pública Meng Jianzhu para Urumqi, onde pediu para que oficiais "restaurassem a ordem social o mais cedo possível". Hans e uigures já haviam tido violentos confrontos em 5 de julho, e desde então os hans dizem estar sendo vítimas de misteriosos ataques com seringas. Veículos da polícia continuam patrulhando as ruas com alto-falantes, orientando as pessoas a irem para as suas casas e manterem a ordem. Mas, com as escolas fechadas e os ônibus fora de circulação por causa dos bloqueios nas ruas, muita gente acaba ficando à toa pela cidade, e pequenos protestos surgem espontaneamente. Entre os cinco mortos, dois foram confirmados como sendo "civis inocentes", enquanto a polícia investiga as circunstância das outras mortes, segundo o vice-prefeito Zhang Hong. "O principal é que ninguém mais se sente seguro aqui," disse Zhen Guibin, han que observava um dos distúrbios. Muita gente se queixa de que os responsáveis uigures pelos protestos de 5 de julho não foram detidos. A agência oficial de notícias Xinhua disse que "gás lacrimogêneo foi empregado para dispersar os manifestantes," e que o governo proibiu "passeatas não autorizadas e protestos em massa. Na quinta-feira, a multidão exigiu a renúncia do dirigente regional do Partido Comunista, Wang Lequan, e alguns pediram até mesmo que ele fosse executado. Wang, que há 14 anos ocupa o cargo mais poderoso da região, não havia aparecido na imprensa estatal até o final da tarde de sexta-feira (hora local). O pânico se espalhou na cidade há uma semana depois que mensagens de texto do governo alertavam para os ataques com seringas. Alguns pais ficaram com medo de mandar seus filhos sozinhos às aulas enquanto as escolas ainda estavam abertas nesta semana. "Eles não têm o direito de bloquear as ruas desse jeito. Esses uigures estão nos apunhalando com agulhas," disse um homem que tentava passar pelas barreiras que isolam bairros uigures. "Precisamos tomar conta do problema." Paramilitares e policiais se deslocavam pela cidade para dispersar multidões aglomeradas em cruzamentos. Muita gente na multidão tentava discutir diretamente com os policiais, reivindicando "mais direitos para o povo han," que é majoritário na China como um todo. Um grupo de jovens hans desfraldou uma bandeira chinesa e tentou conduzir uma passeata até a praça do Povo, seguido por centenas de pessoas aos gritos de "segurança!." A polícia arrancou a bandeira dos manifestantes, mas a multidão continuou gritando. O protesto dos uigures em 5 de julho desencadeou uma onda de violência em toda a cidade, o que resultou na morte de 197 pessoas, a maioria chineses. Dois dias depois, bairros uigures foram atacados por hans que queriam vingança.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.