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Morte de opositor provoca protestos e repressão cubana

Por AE-AP
Atualização:

A morte do preso político cubano Orlando Zapata, após mais de dois meses de greve de fome, desatou ontem uma série de protestos fora de Cuba e uma onda repressiva na ilha caribenha. A mãe da vítima, Reina Luisa Tamayo, acusou o governo de Raúl Castro de "assassinato premeditado" e pediu ao mundo que exija a libertação dos outros prisioneiros políticos. Segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), depois da morte do dissidente, pelo menos 25 pessoas foram detidas na ilha, mas algumas fontes da oposição cubana falam em até 50 prisões. Zapata morreu na terça-feira, no mesmo dia em que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a Havana para reunir-se, no dia seguinte, com Raúl e Fidel Castro. A denúncia de Reina foi feita em uma entrevista ao blog Geração Y, de Yoani Sánchez, que ficou conhecida internacionalmente por descrever o duro cotidiano da população cubana sob o regime dos irmãos Castro. Segundo Reina, Zapata também foi torturado na prisão. O dissidente começou a fazer greve de fome em dezembro para protestar contras as condições do sistema carcerário cubano. No domingo, 50 presos políticos pediram, em carta, que Lula intercedesse por sua libertação durante a visita a Cuba. "Acompanhei meu filho antes de morrer e o vi morto. Ele perdeu a vida em um assassinato premeditado. Foi torturado durante todo o tempo em que esteve preso, o que foi objeto de sofrimento para esta família", afirmou Reina, em uma gravação colocada no blog. "Com minha dor profunda, peço ao mundo que exija a libertação dos demais presos, dos nossos irmãos que estão detidos injustamente, para que não volte a ocorrer o que aconteceu com o meu filhinho." De acordo com a oposição, Zapata foi o primeiro opositor a morrer nos centros de detenção da ilha em quatro décadas. Grupos do exílio cubano em Miami convocaram uma grande manifestação para domingo para protestar contra o "assassinato" do opositor. O Departamento de Estado dos Estados Unidos lamentou o desfecho do protesto do dissidente e informou que este mês, em reunião com autoridades cubanas para discutir migração, funcionários norte-americanos haviam manifestado preocupação com o estado de saúde dele. A União Europeia (UE) pediu a Havana que mostre mais respeito pelos direitos humanos.Já a Anistia Internacional (AI) exigiu uma investigação para definir se os maus-tratos colaboraram para a morte. Operário de 42 anos, Zapata era considerado um "prisioneiro de consciência" pela AI. Ele foi condenado a três anos de prisão em 2003 em um processo paralelo ao que levou outros 75 dissidentes (53 dos quais ainda estão detidos em Cuba) a receber penas de até 28 anos. Mas, depois, sua condenação foi ampliada para 25 anos e 6 meses.

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