Morte de Roberto Calvi não foi suicídio, diz perícia

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A morte do banqueiro Roberto Calvi, diretor e protagonista da quebra do Banco Ambrosiano em 1982, não foi um suicídio, segundo o resultado de uma perícia médico-legal cujos resultados foram anunciados hoje. Calvi foi encontrado morto naquele ano, enforcado sob a ponte londrina de Blackfriars. Os restos do banqueiro foram exumados em 1998 para serem submetidos a uma nova perícia que demonstrou que Calvi foi estrangulado e depois pendurado. Vinte anos depois do caso que convulsionou o mundo das finanças italiano por suas implicações com a Máfia, a loja maçônica P2 e o Vaticano, uma equipe de médicos forenses encabeçados pelo professor alemão Bernd Brinckman disse que Calvi foi assassinado em um terreno baldio perto da ponte, onde foi pendurado para simular um suicídio. A Justiça britânica havia encerrado o caso qualificando-o de suicídio - uma versão que nunca convenceu os familiares do banqueiro, que apelaram à Justiça italiana, fornecendo indícios que indicavam que a morte de Calvi foi arquitetada pela Máfia. Ao longo da investigação, que nunca foi concluída, o "Caso Calvi" acabou atingindo assessores financeiros, colaboradores de serviços secretos, cardeais e mafiosos, e deixou a descoberto a loja maçônica P2, de Licio Gelli. Calvi se refugiou na Inglaterra em 1982, após ter sido considerado envolvido na quebra do "velho" Banco Abrosiano, estreitamente vinculada ao gigantesco déficit do banco do Vaticano, então em mãos do cardeal americano Paul Marcinkus. A pista que envolvia o banco Ior do Vaticano e a Máfia foi fornecida no ano passado pelo chefe da Máfia turca Oral Celik - que dava ordens a Ali Agca, o autor do atentado ao papa João Paulo II em 1981.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.