QUITO - As mortes triplicaram nos últimos 15 dias na província de Guayas e em sua capital, Guayaquil, a região mais afetada pela pandemia do novo coronavírus no Equador, informou nesta quinta-feira, 16, um alto funcionário.
Antes do início da epidemia, em Guayas (sudoeste) se registrava uma média de 2 mil mortes por mês, mas só na primeira quinzena de abril, houve 6.703 mortes, disse Jorge Wated, o funcionário designado pelo governo para atender parte da crise na província.

Entre estes 6.703 falecidos há vítimas do novo coronavírus, casos suspeitos e também mortos por causas naturais, disse o funcionário, que não revelou o percentual de óbitos relacionados com a pandemia.
Guayas concentra 70% dos mais de 8,2 mil casos de coronavírus registrados até esta quinta-feira no Equador, incluindo 403 mortos.
Deste total, 4.353 infectados foram registrados em Guayaquil, epicentro da pandemia no país e uma das cidades mais castigadas pela doença na América Latina.
Nesta cidade portuária, com 2,7 milhões de habitantes e capital econômica do país, muitas pessoas perderam a vida esperando atendimento em hospitais ou em residências.
Ao colapso do sistema de saúde seguiu-se o do sistema funerário, levando famílias a passar vários dias com os corpos em casa antes de o governo ativar uma força militar e policial para recolher os cadáveres.
'Não há espaço para vivos nem para mortos'

A crise provocada pela pandemia no Equador levou serviços públicos de saúde e sanitários à exaustão. A situação é mais grave em Guayaquil, onde hospitais e cemitérios entraram em colapso. A prefeita da cidade disse que "não há espaço nem para vivos, nem para mortos".
O toque de recolher imposto pelo governo para tentar deter a propagação da covid-19 retardou o trabalho das funerárias que, em alguns casos, deixaram de prestar o serviço por medo de que seus funcionários fossem contaminados.
Wated destacou no domingo que a força-tarefa conjunta conseguiu retirar cerca de 1,4 mil cadáveres nas últimas três semanas, 800 deles de casas e o restante em hospitais, para sepultá-los.
"Ainda temos quase 700 pessoas que queremos sepultar entre esta semana e no máximo a próxima. Vamos fazendo pouco a pouco", disse o funcionário nesta quinta./AFP