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Mortos no Peru passam de 500

Segue busca de sobreviventes do terremoto de anteontem, que destruiu 4 cidades, sacudiu Lima e deixou 1.500 feridos

Por Jacqueline Fowks e LIMA
Atualização:

Pelo menos 510 pessoas morreram e mais de 1.500 ficaram feridas no terremoto que atingiu o Peru na quarta-feira à noite, informou ontem o Corpo de Bombeiros. Equipes de resgate vasculhavam os escombros em busca de vítimas e as autoridades advertiam que o número de mortos deve aumentar. O chefe do Instituto Médico Legal pediu que os trabalhos de resgate dos corpos seja acelerado para evitar o risco de epidemias. Veja vídeo com imagens do momento do tremor Os institutos sismológicos, que na quarta-feira disseram que o terremoto havia sido de 7,9 graus na escala Richter, informaram ontem que a intensidade foi de 8 graus. Este foi o sismo mais forte sentido no Peru desde 1940. O Instituto Geofísico disse que ocorreram mais de 200 tremores secundários, que amedrontaram a população, fazendo com que muitos dormissem nas ruas. O terremoto, cujo epicentro ocorreu num ponto do Pacífico situado 145 quilômetros a sudeste de Lima, provocou o desabamento de milhares de casas e de pelo menos duas igrejas, além de cortes de energia e de comunicações. O presidente peruano, Alan García, declarou três dias de luto nacional. Ele visitou Pisco - cidade de 116 mil habitantes que fica a 236 quilômetros de Lima e foi uma das mais afetadas -, onde se reuniu com alguns ministros para discutir as medidas a ser tomadas. Dezenas de corpos permaneciam na praça central, pois o necrotério local não tinha condições de recebê-los. O prefeito de Pisco disse que pelo menos 200 pessoas foram soterradas em uma igreja católica que desabou durante a missa. O governo declarou alerta vermelho em todos os hospitais do país e estado de emergência na cidade de Ica - 265 quilômetros a sudeste de Lima -, a mais afetada pelo tremor. Alan García também foi de helicópteros a Ica, onde os hospitais de Ica tiveram suas estruturas danificadas e os pacientes foram abrigados provisoriamente em barracas de plástico. A cidade tem 120 mil habitantes. Dezessete pessoas morreram no desabamento de uma igreja - missas estavam sendo realizadas em todo o país na hora do terremoto, pois em 15 de agosto é celebrada a assunção da Virgem Maria. O desabamento de pontes e deslizamento parcial de morros próximos a um importante trecho da Rodovia Panamericana - a principal do país, entre Lima e o centro-sul do Peru - dificultava o envio de ajuda. Veículos 4x4, helicópteros e aviões são os únicos meios para levar auxílio às centenas de desabrigados nas localidades de Ica, Pisco, Chincha e Cañete, que tiveram 80% de sua infra-estrutura afetada. Augusto Torres, de 34 anos, que trabalha em Lima, mas tem família em Pisco, conseguiu chegar de carro até Chincha pela Rodovia Panamericana Sul (a 200 km de Lima) e teve de caminhar por três horas para reencontrar os parentes, de madrugada. A casa de sua família desmoronou, assim como as de milhares de outros moradores de Pisco. "O que vi é horrível. Saí de Pisco às 6 horas e estou caminhando até Chincha para poder voltar a Lima com minha família", afirmou Torres ao Estado. A angústia de quem sentiu o terremoto às 18h41 de quarta-feira continuou após os dois longos minutos de tremor, pois as comunicações telefônicas - fixas e móveis - foram interrompidas totalmente por duas horas e se restabeleceram aos poucos, embora ontem ainda não estivessem normalizadas. O serviço telefônico em Chincha, Pisco e Ica ainda não funciona. Depois de uma reunião com representantes das operadoras de telefonia no Peru, a vice-ministra de Comunicações, Cayetana Aljovín, informou que as empresas prometeram criar uma rede de emergência. O governo pediu a solidariedade da população e centralizou no aeroporto militar da capital o centro de recebimento de ajuda. García agradeceu a solidariedade de governos da América Latina, como Brasil, México, Chile, Venezuela e Colômbia, que ofereceram o envio de alimentos e remédios. BRASIL O terremoto também foi sentido no Brasil, particularmente em Manaus, a 3.150 quilômetros do epicentro. Segundo Carlos Kléber Lopes Barbosa, da Secretaria de Defesa Civil, o tremor de 3 graus em Manaus foi sentido principalmente nos andares mais altos dos prédios (ler mais na pág. 13). COLABOROU DENISE CRISPIM MARIN

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