PUBLICIDADE

Mortos no Quênia ''''passam de mil''''

Número apresentado pelo líder da oposição, Raila Odinga, é o dobro da estimativa feita pelo governo

Por AP e NYT E REUTERS
Atualização:

Nairóbi - A onda de violência que abala o Quênia desde as eleições presidenciais do dia 27 já causou a morte de mais de mil pessoas, segundo o líder da oposição, Raila Odinga, que contesta o resultado da votação - da qual o presidente Mwai Kibaki saiu vencedor e foi reeleito. O número é o dobro da estimativa do governo, que ontem elevou para 500 os mortos nos confrontos. Segundo organizações humanitárias e a polícia, o número de vítimas é maior. "Temos pelo menos 600 mortos, mas ainda há corpos no campo onde houve muitos confrontos", afirmou um chefe da polícia queniana, sob condição de anonimato, à agência de notícias France Press. Os confrontos entre rivais políticos e étnicos - que arrastaram o país para sua pior crise desde a independência da Grã-Bretanha, em 1963 - também obrigaram mais de 255 mil pessoas a fugir de suas casas por causa da violência (leia mais ao lado). Derrotado por uma diferença de 2 pontos percentuais, Odinga, do Partido Democrático Laranja, afirma que as eleições foram fraudadas e já disse que não vai negociar com o governo se Kibaki, que propôs um governo de união nacional, não deixar o poder. O presidente é da etnia kikuyu, que é maioria no país, enquanto Odinga pertence ao grupo rival dos luos. Sob intensa pressão internacional para colaborar para o fim da violência, Odinga suspendeu ontem um grande protesto da oposição que estava marcado para hoje, em Nairóbi, e disse que daria uma chance para a comunidade internacional ajude a resolver a crise. "Nós queremos que a mediação ocorra num ambiente pacífico, e por isso os protestos foram cancelados", disse o opositor. Uma série de reuniões com a participação de representantes da União Africana (UA) para pôr fim aos conflitos devem ter início amanhã. Odinga afirmou que o chefe da entidade - o presidente de Gana, John Kufuor - deve chegar ao país hoje à noite. "Ele (Kufuor) estará pronto para mediar as conversações na quarta-feira", disse Odinga, qualificando o encontro de "um avanço importantíssimo". Segundo a BBC, Odinga cancelou a manifestação após se reunir com a a subsecretária de Estado para Assuntos Africanos, Jendayi Frazer, que chegou ao país na sexta. "Os quenianos foram enganados por seus líderes e pelas instituições", afirmou a diplomata americana. "O único modo de restaurar os direitos do povo do Quênia e resgatar sua confiança no sistema são os líderes políticos trabalharem pela paz, porque inocentes estão morrendo." RECONCILIAÇÃO No fim da tarde, o presidente Kibabi convidou Odinga e vários líderes tribais e religiosos para uma reunião na sexta-feira para obter uma "reconciliação nacional" e pôr fim à violência. O presidente também convocou para o dia 15 uma nova reunião do Parlamento, que é liderado pelo Movimento Democrático Laranja, o partido de Odinga. Eles teriam 111 das 220 cadeiras da Assembléia. A Organização dos Advogados do Quênia fez ontem um apelo para que Kibaki deixe a presidência, dizendo que a eleição "não foi crível" e o anúncio de que ele fora o vencedor era "inaceitável".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.