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Mortos por tufão são 500, diz Taipé

Presidente taiwanês amplia número de vítimas e é criticado por culpar os próprios moradores pela tragédia

Por AP E REUTERS
Atualização:

O presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, afirmou ontem que subiu para mais de 500 o número de pessoas que morreram após a passagem do tufão Morakot, há uma semana. A estimativa é quatro vezes maior do que o governo havia divulgado na véspera. A declaração do presidente foi feita em meio a críticas sobre como ele está lidando com a tragédia. O governo ampliou o número de mortos após concluir que 380 dos 600 moradores do vilarejo de Shiao Lin, no sul de Taiwan, morreram após um deslizamento de terra que praticamente soterrou a localidade no domingo. Ma vem sendo acusado pelos prefeitos das áreas atingidas - que são do opositor Partido Democrático Progressista - de não agir com a rapidez necessária para resgatar os sobreviventes do Morakot. Mas, nos últimos dias, até mesmo partidários de Ma o têm criticado. As acusações aumentaram após uma entrevista que o presidente deu ao canal britânico ITN, no qual parece culpar as próprias vítimas do tufão pela tragédia. "Eles não estavam totalmente preparados. Se estivessem, teriam deixado suas casas muito antes", disse Ma. "Eles não perceberam a gravidade da tempestade." PRESSÃO Outro sinal de que o tufão se transformou em um grave problema político para Ma é que jornais da região pró-Taipé estão acusando o presidente de má gestão em relação à tragédia. O China Times criticou Ma duramente, dizendo que suas declarações foram totalmente inapropriadas. "Não é digno de um presidente dizer à mídia internacional que a culpa é das pessoas que não deixaram suas casas porque queriam proteger o local onde vivem." As críticas também vieram da arena política: "Se é para esperar que as pessoas resolvam tudo elas mesmas, por que então precisamos do governo?", perguntou o deputado Lo Shu-lei, do Partido Nacionalista (Kuomintang), o mesmo de Ma. Analistas estão comparando as críticas a Ma às que recebeu o ex-presidente dos EUA George W. Bush, no caso das vítimas do furacão Katrina, que devastou New Orleans em 2005. O episódio acabou deixando a opinião pública contra Bush e o fez perder popularidade. O desastre pode pôr em risco a autoridade de Ma e seu projeto de reaproximação com a China, que considera Taiwan - onde se refugiaram os nacionalistas derrotados pelos comunistas em 1949 - uma província rebelde. Se a impressão de que Ma falhou em lidar com o Morakot, seu projeto de reaproximação com Pequim pode perder ainda mais apoio, à medida que sua capacidade de liderança é questionada. Mais de 15 mil pessoas foram resgatadas desde o fim de semana, mas ainda há cerca de 2 mil isoladas. Mais de 20 mil soldados e brigadistas trabalham no resgate. O tufão destruiu as casas de mais de 7 mil taiwaneses e provocou prejuízos que, segundo o governo, chegam a US$ 1,5 bilhão.

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