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Moscou dá ultimato à Ucrânia e UE ameaça Rússia com sanções

Enquanto o Kremlin expande seu controle na Crimeia, presidente dos EUA, Barack Obama, diz que Moscou está ‘do lado errado da história’ e suspende cooperação militar

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Por Redação
Atualização:

(Atualizado às 01h10)

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KIEV - Enquanto a Rússia expandia na segunda-feira, 3, seu controle sobre a Península da Crimeia, o governo da Ucrânia denunciou um ultimato do Kremlin para que as forças do país se rendam e evitem um ataque militar. Em Washington, o presidente dos EUA, Barack Obama, passou o dia tentando alinhar seus parceiros em busca de uma resposta a Moscou. "A Rússia está do lado errado da história", disse Obama.

"Ao longo do tempo isso será custoso para a Rússia. Agora é a hora de eles considerarem se podem defender seus interesses por meio da diplomacia, não pela força", afirmou Obama, que prometeu sanções econômicas caso Moscou não recue.

No fim da noite de segunda-feira, após o presidente americano se reunir por mais de duas horas com conselheiros, os EUA anunciaram a suspensão dos vínculos militares com Moscou. "Isso inclui exercícios e reuniões bilaterais, convites para visitar embarcações e conferências de planejamento militar", afirmou o porta-voz do Pentágono, John Kirby. Trocas comerciais e investimentos futuros com a Rússia também foram suspensos, segundo um porta-voz de Michael Froman, representante dos EUA para o Comércio. "Devido aos recentes acontecimentos na Ucrânia, suspendemos as negociações comerciais e de investimento com o governo da Rússia".

A Rússia mantém uma importante base naval na Crimeia, região considerada estratégica por Vladimir Putin, na qual os russos formam a maioria da população. Por isso, enquanto Bruxelas e Washington condenaram a intervenção militar, Moscou diz estar apenas protegendo cidadãos que vivem na área.

Na segunda-feira, o Ministério da Defesa da Ucrânia disse que a Marinha russa deu um ultimato a dois navios de guerra do país. O governo russo negou a acusação, que qualificou de "sem sentido". De acordo com os militares ucranianos, ao menos quatro navios de guerra russos no porto de Sebastopol bloquearam a passagem de embarcações com bandeira ucraniana. A tripulação foi informada que, se não se rendesse, os navios seriam invadidos e apreendidos.

Segundo a rede de TV americana CBS, situação semelhante ocorreu em uma base aérea ucraniana na Crimeia. Soldados russos teriam exigido que os militares deixassem o local. Mais cedo, a agência russa Interfax noticiou que o comandante da frota russa no Mar Negro, Alexander Vitko, deu um ultimato de rendição a todas as forças militares na Crimeia até a zero hora de terça-feira, 4, (horário de Brasília). Kiev negou que tenha recebido as ameaças e disse que o único ultimato foi dado aos dois navios no porto de Sebastopol.

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Na segunda-feira, 3, tropas russas expandiram seu controle sobre a Crimeia. Caças Sukhoi violaram o espaço aéreo ucraniano, fechado desde domingo. Moscou mobilizou tanques na fronteira e ocupou o porto de Kerch, principal ligação entre a Crimeia e o litoral russo, que pode ser crucial para um eventual desembarque de tropas. Na cidade vizinha de Nikolaiev, moradores relataram a chegada de mais tropas russas.

De acordo com o embaixador ucraniano na ONU, Yuri Sergeyev, desde 24 de fevereiro, pelo menos 16 mil soldados russos foram posicionados em pontos estratégicos da Crimeia "por meio de navios militares, helicópteros e aviões de carga".

Oleksander Turchinov, presidente interino da Ucrânia, pediu que Moscou pare com o que ele chamou de "agressão e pirataria".

Quebra de silêncio

A China rompeu ontem o silêncio sobre a crise ucraniana no Conselho de Segurança da ONU e pediu que todas as partes busquem uma solução política dentro da legalidade para o conflito. O embaixador chinês na ONU, Liu Jievi, assegurou que seu governo está "profundamente preocupado" com a crise. / AP e REUTERS

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