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Moscou pressiona russos por vitória arrebatadora

The Guardian revela que funcionários públicos estão sendo ameaçados caso não votem no Rússia Unida, de Vladimir Putin, na eleição de amanhã

Por The Guardian
Atualização:

O Kremlin está planejando manipular os resultados das eleições parlamentares russas, que serão realizadas amanhã, obrigando milhões de trabalhadores do setor público em todo o país a votarem. A denúncia é do jornal britânico The Guardian. De acordo com o jornal, autoridades administrativas locais convocaram milhares de funcionários no domingo numa tentativa de garantir uma vitória arrebatadora o presidente Vladimir Putin e seu partido Rússia Unida. O Kremlin insiste que as eleições serão livres e justas, apesar de ter convidado apenas 400 observadores internacionais para monitorar 95.784 centros de votação espalhados pelo maior país do mundo. Neste mês, a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) cancelou a participação de seus monitores na votação na Rússia, após Moscou recusar-se liberar os vistos de entrada. Analistas dizem que a pressão tem o objetivo de garantir uma vitória retumbante para o Rússia Unida e para Putin, que encabeça a lista do partido. O triunfo lhe daria um mandato público para manter o poder máximo como o "líder da nação", apesar de não poder concorrer a um terceiro mandato como presidente em março. A organização independente Golos, que está monitorando as eleições, afirmou que "há uma grande pressão sobre os eleitores em todo o país". "Estamos assistindo a um novo fenômeno no qual os eleitores são obrigados a obter cédulas para votar pelo correio sob a ameaça de serem demitidos ou perderem seus bônus. As pessoas estão sendo instruídas a votar no seu local de trabalho onde tudo é estritamente controlado". Ainda de acordo com a organização, a pressão está sendo aplicada também às empresas privadas. Os estudantes têm sido avisados que correm o risco de fracassarem nos exames ou perderem a vaga nos seus cursos caso não votem no Rússia Unida. Alexander, um estudante de jornalismo da Universidade Estatal de Oryol, disse ao The Guardian: "Também está sendo deixado claro que os alunos que não obtiverem cédulas de votação e votarem da maneira correta poderão perder seu lugar no dormitório." Anna, de 31 anos e professora em Ulan Ude, revelou que funcionários da escola foram convocados e obrigados a assinar uma declaração de que votariam no Rússia Unida: "Eu disse que queria votar em outro partido, mas me deram indicações de que poderia perder meu emprego." Além da pressão sobre a população, o Kremlin também é acusado de dificultar a campanha da oposição. Vários partidos anti-Putin foram impedidos de registrar seus candidatos. Na semana passada, um candidato do partido Yabloko foi morto na República do Daguestão. Nas ruas de Moscou, vê-se apenas propaganda política do Rússia Unida. Os canais de tevê também dedicam praticamente todo seu horário político ao partido de Putin e quando a oposição aparece, é sempre tratada de maneira negativa.

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