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Mossack Fonseca desmente confissões de chefe do escritório no Brasil

Segundo María Mercedes Riaño, responsável pela sede brasileira da firma, sócios sabiam de lavagem de dinheiro e evasão de divisas

Atualização:

CIDADE DO PANAMÁ - O escritório de advocacia Mossack Fonseca desmentiu nesta sexta-feira, 3, as confissões que sua representante no Brasil, a advogada María Mercedes Riaño, fez ante a Procuradoria-Geral do Panamá. À Justiça, ela assegurou que os sócios da empresa sabiam que prestavam serviços para facilitar a lavagem de dinheiro e a evasão de impostos.

O escritório, epicentro do escândalo do Panamá Papers e a agora envolvido com a Lava Jato, qualificou as declarações de María Mercedes como "invenções e suposições" que não estão relacionadas à denúncia que o Ministério Público panamenho faz.

Declarações de advogada são 'invenções e suposições', diz Mossack Fonseca Foto: Carlos Jasso/Reuters

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O escritório reiterou em um comunicado de María Mercedes é proprietária única da sociedade Mossack Fonseca do Brasil e que cuidava de seus próprios clientes. Essa versão é distinta da que ela disse à Justiça.

De acordo com María Mercedes, que está em prisão preventiva por lavagem de dinheiro, dois executivos da empresa panamenha viajam o mundo oferecendo serviços de evasão de divisas, que eram destinadas a bancos panamenhos e de outros países, segundo reportagem do canal TVN.

Os advogados terminavam por abrir uma "escrow account" aos clientes. Esse tipo de conta é mantida sob custódia de um terceiro, no caso a Mossack Fonseca, que intermediava a entrada e saída de dinheiro de um banco a outro. "Isso facilita a perda do rastro", disse María Mercedes.

Para oferecer este serviço, a Mossack Fonseca contava com 12 contas de diversos bancos em paraísos fiscais.

Os executivos responsáveis pelo serviço, Amauri Batista e Edinson Teano, esse último detido no Panamá, sabiam "quem eram os beneficiários finais das contas de banco de onde provinham o dinheiro, assim como o seu destinatário".

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Desde que explodiu o escândalo dos chamados Panamá Papers, o panamenho Ramón Fonseca Mora, sócio-fundador da firma ao lado do alemã Jürgen Mossack, tem negado que seu escritório conhecia o uso final das contas e os serviços que elas prestavam.

A defesa dos sócios do escritório, presos desde 9 de fevereiro, sustentou nesta sexta-feira, 3, que vai esclarecer cada uma das denúncias de María Mercedes "mediante evidências físicas convincentes e contundentes, que provarão a falsidade de suas declarações".

A Procuradoria panamenha denunciou Fonseca, Mossack, María Mercedes e Teano por lavagem de dinheiro, com o argumento de que o escritório panamenho é uma "organização criminal" que ajudou a lavar dinheiro da trama da Lava Jato.

Antes de ser detido, Fonseca negou à imprensa sua vinculação com a Lava Jato, ainda que tenha reconhecido que "algumas sociedades anônimas" representadas por seu escritório são vinculadas a advogados ou bancos que "têm relação com pessoas envolvidas" no maior escândalo de corrupção da história do Brasil.

No momento em que isso foi identificado, alega Fonseca, o escritório se desvinculou de María Mercedes. A defensora dela, porém, disse a jornalistas que a advogada era uma representante da Mossack Fonseca no Brasil e que atuava por instruções da matriz panamenha. / EFE

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