12 de fevereiro de 2021 | 10h00
MOSCOU - O opositor número 1 do Kremlin, Alexei Navalni, voltou ao banco dos réus nesta sexta-feira, 12, para ser julgado em um processo de calúnia - classificado por ele mesmo como "politicamente motivado". O julgamento acontece em meio ao aumento das tensões entre a Rússia e países ocidentais pela prisão do inimigo público do presidente Vladimir Putin.
Navalni foi preso na semana passada, após ser sentenciado a quase três anos de encarceramento por violar as regras de cumprimento condicional de uma outra sentença. Países da União Europeia e os Estados Unidos condenaram a prisão do opositor de Putin e abriram o debate sobre a aplicação de sanções à Rússia.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou mais cedo que Moscou estava pronta para romper os laços com a União Europeia se o bloco a atingisse com sanções econômicas "dolorosas". Os russos acusam o Ocidente de histeria em relação ao caso.
No processo de calúnia, Navalni é acusado de difamar um veterano da Segunda Guerra Mundial que participou de um vídeo promocional em apoio às reformas constitucionais no ano passado - que permitiram a Putin concorrer a mais dois mandatos no Kremlin após 2024, se ele quiser.
Navalni descreveu as pessoas no vídeo como "traidores" e "lacaios de corruptos". Ele acusa as autoridades de usarem as acusações de calúnia para manchar sua reputação.
Embora a acusação, se provada, seja punível com até dois anos de prisão, o advogado de Navalni disse que ele não pode enfrentar uma pena de prisão porque o suposto crime foi cometido antes de a lei ser alterada para torná-lo um crime punível desta forma. Mas não está claro se o juiz do caso concorda com essa análise.
A segurança na audiência de sexta-feira foi pesada. Policiais e oficiais de justiça do estado vestindo coletes à prova de balas e portando armas foram posicionados dentro do tribunal e em seus arredores, e o procurador do estado chegou para a audiência com três guarda-costas.
A prisão de Navalni gerou protestos na Rússia. Seus aliados planejam realizar um novo tipo de protesto no domingo e estão pedindo a seus seguidores que se reúnam por 15 minutos em pátios residenciais em todo o país, iluminando com lanternas de celulares ou acendendo velas./ REUTERS
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