Mourão diz que em hipótese alguma Brasil atravessará a fronteira

Vice-presidente brasileiro participará na segunda-feira de reunião do Grupo de Lima na Colômbia para discutir a crise na Venezuela

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Por Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - A pedido do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) embarca para Bogotá, a fim de participar da reunião do Grupo de Lima, na segunda-feira, 25. O tema do encontro será a crise na Venezuela, que pode se agravar após a decisão do presidente Nicolás Maduro de fechar as fronteiras com o Brasil e a Colômbia para evitar a entrada de ajuda humanitária. "O Maduro mandou fechar a fronteira para evitar que o pessoal da Venezuela venha ao Brasil buscar suprimento", disse o vice-presidente ao Estado. Mourão reiterou que "em hipótese alguma" Brasil entrará na Venezuela para qualquer finalidade. "Isso não existe", avisou.

Carros deixam a cidade de Pacaraima, em Roraima, para atravessar afronteira do Brasil com a Venezuela na noite desta quinta-feira Foto: Ricardo Moraes/Reuters

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De acordo com o vice-presidente, "não há situação tensa". "Está da mesma forma que antes. Nada mudou. Vamos aguardar o que vai acontecer no sábado", comentou ele, referindo-se à decisão de Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, que marcou para o dia 23 a data de entrada de ajuda humanitária estrangeira no país. 

Segundo o líder da oposição venezuelana, as doações chegarão por dois pontos: a cidade de Cúcuta, na Colômbia, e Pacaraima, em Roraima, no Brasil. No entanto, com a fronteira fechada, isso pode não acontecer. 

De acordo com Mourão, o momento é de "expectativa" sobre o que vai ocorrer no próximo sábado. "A situação é de expectativa em relação ao sábado. Mas repito: em hipótese alguma o Brasil vai entrar na Venezuela."

Exército

O aumento da tensão com o fechamento da fronteira surge em um momento o Alto Comando do Exército está reunido em Brasília, desde a última segunda-feira, 18, em uma agenda previamente marcada, para definir as promoções de março. No encontro, no entanto, são feitas avaliações de conjunturas nacional e internacional. Uma das preocupações dos militares é com a quantidade de alimentos que foi levado para Roraima e que poderá se perder, por causa do fechamento da fronteira. Militares consultados insistem que não veem possibilidade de qualquer confronto.

As Forças Armadas e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ainda têm adidos em Caracas, que mantém o governo brasileiro informados, apesar de o embaixador brasileiro já ter regressado ao País. "A situação é de observação. Apenas isso", afirmou outro general, que preferiu não se identificar, já que a questão está sendo conduzida pelo Ministério das Relações Exteriores em conjunto com o Planalto.

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Chanceler

Na viagem a Bogotá, o vice-presidente irá acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Mourão negou que a sua ida à Colômbia tenha a ver com algum possível isolamento de Araújo por setores do governo.

"De jeito nenhum (esvaziamento). Ele vai comigo, só que a reunião é de presidentes e por isso o presidente Bolsonaro pediu para eu representá-lo", declarou Mourão, depois de citar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não irá à reunião e estará representado também pelo seu vice-presidente, Mike Pence

Na reunião de segunda-feira, na Colômbia, estarão presentes representantes dos 14 países do Grupo de Lima. Entre os integrantes, apenas o México não reconhece Juan Guaidó como presidente interino.