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Moussaoui: da infância difícil à filiciação à Al-Qaeda

A vida traumatizada de Moussaoui foi um dos argumentos usados pela defesa para livrá-lo da pena de morte

Por Agencia Estado
Atualização:

Nascido na França e de ascendência marroquina, Zacarias Moussaoui é a única pessoa acusada nos Estados Unidos por conexão com os ataques de 11 de setembro de 2001. Nesta quarta-feira ele foi condenado à prisão perpetua, livrando-se da execução. O júri, que já o tinha declarado culpado, teve de decidir entre uma condenação à pena de morte, solicitada pela acusação, ou à prisão perpétua, pedida pela defesa. Os jurados não chegaram a ditar um veredicto por unanimidade em todas as acusações que eram feitas contra Moussaoui. O veredicto final chega após quatro anos de procedimentos legais e de um julgamento de seis semanas para decidir a sentença. Primeiros anos A mãe de Moussaoui, Aicha el-Wafi, tinha 14 anos quando se casou no Marrocos. Cinco anos depois, o casal se mudou para a França, onde Zacarias nasceria, em maio de 1968. Não agüentando as agressões físicas do marido, Aicha o deixou e levou seus quatro filhos pequenos. Moussaoui cresceu se mudando para diferentes partes da França, enfrentando o preconceito pela sua origem imigrante enquanto sua mãe limpava casas. Quando jovem, adorava basquete, mas não conseguiu prosseguir nos esportes. O futuro extremista foi criado em um ambiente sem nenhuma educação religiosa. Os primeiros passos na doutrinação radical islâmica acontecerem na mesquita de Finsbury Park, em Londres, em que o clérigo radical Abu Hamza fazia sermões. Apesar da origem humilde, Moussaoui atingiu um bom nível educacional. É mestre em Comércio Internacional pela Universidade de South Bank, em Londres. Treinamento terrorista Entre fevereiro e maio de 2000, Zacarias Moussaoui freqüentou a escola de aviação Airman, em Norman, Oklahoma. Apesar de mais de 50 horas de lições de vôo, ele não passou no teste para adquirir sua licença de piloto. A escola de aviação havia sido visitada pelos dois pilotos que lançaram aviões contra o World Trade Center. Um deles era Mohamed Atta al-Sayed, líder da operação. Moussaoui foi preso em 16 de agosto de 2001 pelo agente do FBI Harry Smith. Ele fazia um curso de pilotagem em uma escola de Eagan, Minnesota, quando um instrutor o denunciou por suspeitar das intenções do estudante. Os policiais encontraram entre os pertences do extremista duas facas, manuais de vôo de aviões 747 e um programa simulador de vôos. Depois dos ataques de 11 de setembro 2001, ele foi apontado como o possível 20º seqüestrador envolvido. Ele negou a relação com os atentados até abril de 2005, quando admitiu sua culpa. Anteriormente, Moussaoui havia dito que participaria de outra ação para libertar um xeque no Colorado. Ele é o única pessoa acusada nos EUA por conexão com os ataques de 2001. O réu, que também confessou ser membro da Al-Qaeda, seguiu uma rotina comum a vários outro envolvidos nos ataques. Ele visitou campos de treinamento de extremistas no Oriente Médio, comprou facas nos EUA e procurou treinamento em escolas de aviação. O acusado causou surpresa no seu julgamento ao optar por fazer sua própria defesa. Em 3 de abril, o júri decidiu que ele poderia ser condenado à morte. Moussaoui reagiu gritando, ao deixar a corte: "Vocês nunca terão meu sangue. Deus amaldiçoe a todos."

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